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SOMOS TÃO JOVENS



por Beto Besant

Renato é o típico rebelde sem causa. Com intelectualidade acima da média para um adolescente, devora livros e dá aulas de inglês enquanto fuma seus "baseados" (um dos maiores clichês do cinema nacional) e aos poucos se encanta pelo punk rock inglês. Após uma grave doença que lhe deixou acamado por meses, decide formar sua primeira banda Aborto Elétrico, que viria a se tornar a cultuada Legião Urbana.


O principal mérito do filme é escolher amplificar o período que compreende da sua doença até eu primeiro grande show, ocorrido no Circo Voador (Rio de Janeiro). O roteiro do experiente Marcos Bernstein peca ao colocar trechos de músicas famosas do ídolo na boca dos personagens. Como se fosse assim que surgiram tais letras.

A direção Antônio Carlos de Fontoura comete diversos deslizes, dentre eles, deixar os atores interpretando de forma muito teatral, ou mesmo deixar que eles fiquem tão presos na imitação dos biografados que acabam por cair numa espécie de caricatura. Isso inclui o ótimo Thiago Mendonça, que apesar de estar perfeito como Renato Russo, inclusive cantando todas as músicas "ao vivo" (não foram usadas gravações posteriores para corrigir eventuais deslizes) acaba por exagerar na forma já exagerada de falar do cantor. Afinal, por mais que este tivesse um jeito todo peculiar de se expressar, é difícil acreditar que ele se comportaria da mesma forma até deitado em sua cama falando com sua melhor amiga. A atriz Laila Zaid, que interpreta Ana, a melhor amiga de Russo, é uma grata revelação.

Claro que é um filme que visa arrebatar a legião de fãs do biografado (trocadilho à parte), e apesar de não trazer nenhuma grande novidade, merece ser visto.


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EM TRANSE (Trance)


por Beto Besant

Um segurança de uma famosa casa de leilões (James McAvoy) é o encarregado de proteger as pinturas em caso de assalto ou qualquer outro tipo de ataque. Durante um assalto, ao tomar as medidas necessárias, é golpeado na cabeça pelo chefe da quadrilha (Vincent Cassel) e perde a memória. Uma especialista em hipnose (Rosario Dawson) é contratada para fazer com que se recorde onde deixou a pintura. Pouco a pouco vamos percebendo que ninguém é quem pensávamos.


Dirigido pelo renomado ganhador do Oscar Danny Boyle (pelo filme Quem Quer Ser um Milionário, 2009), o filme prende o público na poltrona desde o primeiro minuto. A tão gasta "desculpa" da hipnose para confundir o público, ganha novo gás neste trabalho. A cada dez minutos tudo que pensávamos ter entendido sobre a trama muda de rumo, a tal ponto que nos questionamos se estamos realmente acompanhando a história.

O elenco está bem, com destaque para o sempre impecável Cassel, a fotografia é primorosa, onde nada é por acaso. A montagem tem um ritmo alucinante que pode até cansar boa parte do espectador.

Apesar de ter uma "cara" de cinema-pipoca, é um bom exemplo de como se fazer filme comercial com qualidade e originalidade.



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DOMÉSTICA


por Beto Besant

Sete jovens registram por uma semana o cotidiano de suas empregadas domésticas.

Dirigido pelo pernambucano Gabriel Mascaro, o documentário aborda de forma muito transparente a delicada relação patrão X empregado. É possível perceber que por trás da politicamente correta amizade entre patrões e empregados, existem desde casos sinceros de amizade até casos onde a discriminação é latente.

O diretor conseguiu um panorama diversificado de representantes de ambos os lados. Como uma família abastada que possui diversas empregadas, uma doméstica que tem outra empregada cuidando de seu filho deficiente enquanto sai para trabalhar. Uma família que acolheu um homem abandonado pela família que acabou virando um misto de "empregado doméstico" com um amigo da família. Uma mulher que trabalha para uma família judaica onde tem a oportunidade de conhecer seus costumes.

Com uma boa montagem, o filme mostra momentos interessantes da vida das personagens, com momentos dramáticos, onde uma conta sobre a dor de ter um filho assassinado e não ter estado com ele em seus últimos meses de vida por estar no emprego, ou a empregada que realizou o sonho de aprender a dirigir e se emociona com a música de Reginaldo Rossi que toca no carro.


Por alguns momentos sente-se a necessidade de uma trilha-sonora, mesmo tendo músicas que são escutadas pelas trabalhadoras.
Obviamente, um filme feito por jovens estudantes não prima pela técnica, tendo problemas de foco e fotografia por vários momentos, mas não perdendo o essencial do cinema: alma.




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O ABISMO PRATEADO


por Beto Besant


Violeta (Alessandra Negrini) é uma dentista casada com Djalma (Otto Jr) e mãe de um adolescente. Apesar da sua intensa vida sexual, um casamento aparentemente sólido desaba repentinamente, quando recebe uma mensagem de seu marido dizendo que está se separando e indo morar em Porto Alegre.


A primeira reação de Violeta é o desespero, tentando pegar um voo para a capital gaúcha, que acaba perdendo. No intuito de se encontrar, vai para um pequeno quarto de hotel, mas inquieta, sai, bebe e conhece novas pessoas.

O filme todo se passa em apenas um dia na vida da personagem, que de forma muito introspectiva faz uma "viajem para dentro de si mesma" e se descobre mais forte do que poderia supor.


Escrito e dirigido pelo cearense Karim Ainouz, que assina o roteiro junto com Beatriz Bracher, o filme foi inspirado na canção Olhos nos Olhos - de Chico Buarque.

De forma muito delicada, o diretor utiliza da bela canção para iniciar a história, porém não se prende em tentar transcrever a canção, o que é um dos seus grandes méritos.

A direção segura é apoiada pela forte, porém discreta, presença de Negrini, que encontra o tom exato de interpretação do personagem, que esconde atrás de uma aparente tranquilidade o turbilhão de um furacão, de uma vida virada ao avesso.

Toda  a história é calcada na protagonista, que, sozinha, precisa transmitir as emoções e turbulência do personagem apenas com o olhar e gestos.

O destaque fica para a cena em que Negrini dança ao som de Maniac, tema do filme Flashdance (1983), reproduzindo a dança da personagem interpretada pela atriz Jennifer Beals, como num auto-exorcismo.


O ator Thiago Martins também tem uma rápida participação, porém bastante sólida, como o pai que está viajando com sua filha de volta para sua cidade nordestina.

Com uma montagem sensível e enxuta, o filme "dá conta do recado" e deixa o famoso "gostinho de quero mais" em seus 83 minutos. Mais um belíssimo trabalho de Ainouz, que fez a estreia mundial do filme na Semana dos Realizadores do Festival de Cannes 2011.





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