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Coletiva: QUE HORAS ELA VOLTA?


por Beto Besant

No último dia 11 de agosto, aconteceu no Auditório do Ibirapuera (São Paulo) a coletiva de imprensa do filme Que horas ela volta? - novo trabalho da cineasta Anna Muylaert.
Estavam presentes - além da diretora - os atores Regina Casé, Camila Márdila, Lourenço Mutarelli, Michel Joelsas, Karine Teles e dos produtores Caio e Fabiano Gullane.

Na trama, Regina Casé interpreta Val, uma babá pernmbucana que trabalha em São Paulo há 13 anos e agora sua filha Jéssica (Camila Márdila) virá morar com ela para estudar na capital paulista.

Além da direção, Anna Muylaert assina o roteiro e conta como surgiu a ideia do filme: "Depois que tive meu filho passei a pensar na questão de não poder criar o próprio filho". Diante das dificuldades em conciliar trabalho e a criação do filho, a cineasta decidiu abordar o assunto.

Com muita sabedoria, ela conta que acredita no "ator-autor". Ao invés de querer que decorem as falas, prefere que entendam o trajeto de cada cena e assim cada um possa contribuir com o filme, criando junto com a cineasta.

Muito falante, Regina Casé conta que raramente faz cinema porque gosta de escolher muito bem os personagens que interpreta. O fato de sua família ser de Caruaru facilitou a construção da personagem, e contou detalhes da preparação: "A Anna não me deixou conhecer a Camila pessoalmente, só por telefone ou por trás de um pano. Esse exercício foi muito legal porque me fez ter o sentimento da mãe que não vê a filha há muitos anos".

Em seu segundo longa-metragem, Camila Márdila - que interpreta uma pernambucana filha de Regina Casé - fala como foi a preparação para o personagem: "Eu sou apaixonada pelo cinema e música de Pernambuco, então isso facilitou muito".

Lourenço Mutarelli - notabilizado como escritor mas que vem cada vez mais atuando no cinema como ator - conta que é o quarto trabalho junto com Anna Muylaert e faz uma descrição curiosa de seu personagem: "Ele é o contrário de mim, porque é frustrado no trabalho mas milionário, já eu sou muito feliz no trabalho..." Foi provavelmente o momento mais divertido da coletiva.

O filme chega com as honras de ter recebido importantes prêmios como Voto Popular e Juri Independente no Festival de Berlim, e Prêmio Especial de Melhor Atriz - dividido entre Regina Casé e Camila Màrdila - no festival Sundance. 

A diretora conta como foi a expectativa no festival de Sundance: "Quando chegamos lá eu nem sabia se eles entenderiam o filme, mas todo país tem uma hierarquia de poder".

Que horas ela volta? foi negociado para ser exibido nos Estados Unidos e mais 21 países - sendo que na França atingiu 105 mil espectadores em apenas três semanas - e apesar disso terá um lançamento modesto por aqui: 80 a 100 salas.

Apesar de ter um início "morno", Que Horas Ela Volta? é uma grata surpresa para o cinema nacional, com com roteiro delicado, preciso, e interpretações irretocáveis - exceto talvez por um ou outro maneirismo de Casé. Destaque para as belas interpretações de Camila Márdila e Lourenço Mutarelli, respectivamente uma bela revelação e um desempenho mais consistente a cada interpretação.


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Entrevista: LAS INSOLADAS

Beto Besant entrevista o cineasta argentino Gustavo Taretto, diretor dos filmes Medianeras e Las Insoladas.




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Coletiva: REAL BELEZA


por Beto Besant

Aconteceu no último dia 28 de julho - na capital paulista - a coletiva de imprensa de Real Beleza, o novo filme do roteirista e diretor Jorge Furtado.
Estavam presentes, além do diretor e da produtora Nora Goulart, os atores Vladimir Brichta, Francisco Cuoco e Adriana Esteves.

Conhecido por belas comédias como Saneamento Básico e O Homem que Copiava, o diretor se arrisca num drama romântico e atinge resultado menos satisfatório que em seus filmes anteriores.

Real Beleza conta a história de João (Brichta), um fotógrafo que trabalha como "olheiro" para uma agência de publicidade e busca uma nova modelo entre adolescentes do Rio Grande do Sul. Ao conhecer Maria (Vitória Strada), vê na garota sua única possibilidade, porém seu pai Pedro (Cuoco) acredita que ela deva terminar seus estudos primeiro. O fotógrafo termina por conhecer Anita (Esteves) - a mãe de Maria - e ambos se apaixonam perdidamente.

Após um início interessante - que sugere uma trama instigante - a história termina por cair numa situação comum de triângulo amoroso. Apesar disso, a experiência e talento de Furtado fazem com que o filme não se perca totalmente. O trio central Brichta/Esteves/Cuoco não priva de grandes recursos de interpretação, mas mesmo assim o diretor consegue extrair o melhor de cada um - tornando-os "convincentes" - principalmente Cuoco e Brichta.

Até a estreante Strada - que nunca havia estudado interpretação - consegue um desempenho interessante. Um grande problema é que o filme se passa no interior do Rio Grande do Sul e o trio central não consegue fazer o sotaque característico. Em João até que não incomoda tanto - pois não fica claro de onde é - mas o casal Pedro e Maria fica nítido, ainda mais porque há uma cena em que ela diz ser nascida e criada na cidade. Inclusive as cenas de Maria com seu "namoradinho" salientam o abismo de sotaques, uma vez que eles os tem, principalmente o rapaz, que além de sotaque gaúcho tem feições tipicamente da região.


Na coletiva, o diretor contou que teve a ideia de escrever o filme após ler uma pesquisa de que a maioria das top models brasileiras são gaúchas e por saber do trabalho dos olheiros - conhecidos como scouters.

Para o elenco, Furtado revelou que apesar de ter conhecido Esteves há muitos anos durante um comercial, foi Brichta quem convidou primeiro. O ator confessou que admirava tanto o diretor que aceitou o convite antes mesmo de saber do que se tratava. Adriana Esteves - sua mulher - comenta que estavam comemorando a participação do marido no filme quando recebeu o convite para fazer parte da produção, toda rodada na cidade de Garibaldi/RS.

Francisco Cuoco - a grande atração do evento - falou de forma emocionada: "Eu nunca tive oportunidade de estar à frente de tanta gente da imprensa. Fiz muito pouco cinema porque recebi poucos convites e destes, poucos me interessaram". Sobre seu personagem afirmou: "Ele é cego mas enxerga a beleza por tudo o que aprendeu".

Brichta conta como foi a criação de seu personagem: "Eu sempre gostei de fotografar, mesmo não sendo bom nisso (risos). Me inspirei num amigo fotógrafo, na forma de conduzir o ensaio, no tipo de óculos que o personagem usa".

Com um orçamento relativamente modesto para os padrões atuais, Real Beleza custou dois milhões e quatrocentos mil reais e será exibido inicialmente em 40 salas. 

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