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POLTERGEIST - o fenômeno


por Tiago Lira


Remakes existem desde que Hollywood é Hollywood. É um método que você pode considerar honesto ou não, mas que também pode se tornar uma porta de entrada para que o público visite – ou revisite – um clássico. E o que Poltergeist: O Fenômeno traz é medo: e não medo de fantasmas ou cemitérios amaldiçoados, mas um grande receio de fazer o retorno ao filme de Tobe Hopper. Ainda que essa sensação com o original esteja errada para alguém que não o vê a anos, a versão atual é competente em vários aspectos, porém falha na principal que é assustar o espectador.

O roteiro assinado por David Lindsay-Abaire não faz questão de se distanciar do original, o que é ao mesmo tempo uma homenagem e um tiro no pé. Inclusive, há uma grande dificuldade em diferenciar uma história da outra se fosse para resumir o roteiro. Faça um exercício mental e tente diferenciar o original de 1982 para essa nova versão. Afinal, qual é a grande diferença entre um e outro, algo que justifique a produção deste? É difícil. Mesmo chegando ao fundo, é uma tarefa ingrata. O que não quer dizer que o filme não tenha bons momentos, mas é aquela mágica que sabemos como funciona e onde estão os espelhos e as fumaças.

Quanto à direção, há uma certa elegância nos movimentos de câmera de Gil Kenan. Ele a usa como um objeto flutuante para indicar a presença de algum logo no fim do primeiro – essa presença maligna – e diferencia o enfoque nos personagens. Quando vemos a interação com os pais, os cortes são mais rápidos, consequentemente há pouco tensão. Já nos filhos, Kenan usa planos longos, e vamos acompanhando as crianças sem saber exatamente o que esperar na próxima virada de um ambiente para o outro. E a tecnologia tem um papel importante para a história atualizada. Nós que hoje não desgrudamos dos smartphones vamos nos identificar com algumas situações. E se você considerar que somos impulsos elétricos, faz todo o sentido a interferência que as almas têm nos aparelhos eletrônicos da casa.

A música de Marc Streitenfeld é usada de modo efetivo e até sutil. Ao invés de estar presente em todos os momentos da trama, ela se firma em momentos sim tensos, mas que ao mesmo tempo não forçam o clima de terror. E de maneira muito interessante, ela tem traços diegéticos. Vejam que nos primeiros tons tocados quando Griffin (Kyle Catllet) começa a explorar a casa sozinho, a música sobe suavemente como se fosse aquele zunido elétrico que você ouve quando liga a TV pela primeira vez. De certo, é um dos melhores pontos do filme.

Durante a projeção, nunca me saiu da cabeça que esse conto de terror – assim como no original – é uma alegoria sobre a alienação que a TV, expandida agora para a tecnologia, pode trazer. Maddy (Kennedi Clements) é sugada para dentro dela por causa disso, e é importante que este tema tenha sido mantido e, de maneira não tão clara, traz uma contestação que era comum tanto nos anos 1980 quanto agora.

O roteiro assinado por Lindsay-Abaire não faz questão de se distanciar do original, o que é ao mesmo tempo uma homenagem e um tiro no pé. Inclusive, há uma grande dificuldade em diferenciar uma história da outra se fosse para resumir o roteiro. Faça um exercício mental e tente diferenciar o original de 1982 para essa nova versão. Afinal, qual é a grande diferença entre um e outro, algo que justifique a produção deste? É difícil. Mesmo chegando ao fundo, é uma tarefa ingrata. O que não quer dizer que o filme não tenha bons momentos, mas é aquela mágica que sabemos como funciona e onde estão os espelhos e as fumaças.

É difícil achar mais pontos positivos na nova versão de Poltergeist: O Fenômeno. Há pelo menos dois momentos horripilantes pela dor que eles podem causar – um envolvendo o pai Eric (Sam Rockwell) e um operador de câmera – e as piadas com o filme original, com o médium Carrigan Burke (Jared Harris) dizendo a clássica frase “essa casa está limpa”, mas em um contexto diferente, e o comentário sobre cemitério indígena, que vale mais para os fãs pegarem a referência. Outros sustos são na base do pulo que vem na cara. E essa nova família não consegue criar nenhuma empatia. O efeito 3D é bem feito, principalmente na viagem ao submundo e até faz sentido narrativamente. Em geral, fica no ar que o propósito do filme é tão inócuo quanto a desnecessária cena entre créditos.


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