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Medianeras - um filme singelo

 
 
por Beto Besant
 
Medianeras, longa-metragem de estreia do argentino Gustavo Taretto, é o tipo de filme que deveria ter sido lançado no dia dos namorados. O tão desgastado gênero comédia romântica, aqui vem com fôlego renovado, num filme leve, divertido e com boas “sacadas”.
O título “Medianeras” refere-se a um tipo de apartamento (ou kitchnet) muito comum em Buenos Aires, que fica entre o apartamento de frente e o apartamento de fundos dos prédios, ficando assim entre duas paredes e sem nenhuma janela. E é neste tipo de moradia que vivem os protagonistas da trama.



O filme começa apresentando a cidade de Buenos Aires, num estilo quase documental. Com fotos e locuções em off. Em alguns minutos nos é apresentado o casal protagonista (ou o futuro casal). Martin (interpretado pelo argentino Javier Drolas) vive “trancado” em seu apartamento, seu único contato com o mundo é via internet. Mariana (vivida pela espanhola Pilar Lopez Ayala) trabalha em uma loja de roupas, arrumando manequins de vitrine, enquanto se recupera do fim de um romance de muitos anos.Aos poucos vamos conhecendo as vidas de cada um deles, certos do final feliz, com a tradicional cena de beijo.

Os atores são muito competentes, tem carisma e fazem com que o público “compre” a ideia deles juntos. Tomados pelo tédio, a certa altura Mariana “transa” com o manequim da vitrine. Por outro lado, Martin percebe uma semelhança entre as mulheres que conhece pela internet e os lanches do Mc Donald’s: na foto são sempre melhores.

Apesar de sabermos que o beijo “tem” que acontecer, o filme brinca com o público, ao apresentar um final feliz sem o famoso beijo, algo que, no contexto do filme, se torna irrelevante.



Em certos momentos, Medianeras lembra a forma com que Wood Allen descreve Nova Iorque, com os problemas que toda metrópole tem e as dificuldades de relacionamento que causam nas pessoas.

Apesar de ser uma produção de baixo orçamento, mostra que mesmo assim é possível fazer um filme de qualidade (algo que deveria ser melhor assimilado por nós, cineastas brasileiros). O roteiro é bem “amarrado”, segurando a atenção do público, a direção de arte é precisa, sem exageros nem deficiências, e ainda conta com uma belíssima fotografia, em certo momento lembrando muito um quadro renascentista (cena em que a atriz espanhola aparece refletida num espelho). Outro destaque do filme é a trilha sonora, muito bem escolhida e que utiliza do pretexto de um vizinho pianista da personagem para inserir temas que reflitam seu estado de espírito. Nos acessos de raiva, ela atira objetos na parede e imediatamente o pianista para de tocar.

A última piada do filme dá-se no fato de que, um casal que era completamente anônimo e discreto, torna-se um sucesso de internet.
Algo bem apropriado para os dias atuais.Para mim, o ponto negativo do filme é cair no clichê (muito comum no cinema brasileiro) de personagens consumirem maconha. Algo como se, para o personagem ser “antenado”, “descolado”, precisasse “fumar unzinho”. Talvez por ser algo praticado por grande parte dos “pretensos cineastas”.

Não é o tipo de filme que tenta “refletir sobre os dramas existenciais” ou “revolucionar a cinematografia mundial”, mas sim um filme que se propõe a entreter e divertir. E isso ele consegue muito bem, de forma mais original e interessante que a maioria dos filmes do gênero.

Com apenas cinco curtas-metragens na “bagagem”, o diretor e roteirista Gustavo Taretto (que esteve em São Paulo em 2008) trás muito de sua experiência (repetidas vezes premiada) em comerciais para surpreender como estreante em longa-metragem, mostrando qualidades que muitos diretores brasileiros, com vários filmes na carreira ainda não conseguiram atingir.
Apesar de não ter conseguido sucesso de crítica, Medianeras teve grande sucesso de público em festivais internacionais e deve agradar principalmente a casais e solteiros em busca de sua “alma gêmea”.
 

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Vejo Você no Próximo Verão (Jack Goes Boating)

Por Beto Besant

Se fosse resumir o filme em uma só palavra, diria que é um filme “morno”. Isso mesmo. Apesar de ter uma boa direção (considerando-se um filme de estreia), um bom elenco (algo previsível por ter um diretor tão talentoso e experiente como ator), um roteiro bem escrito, não é um filme que empolga, nem um filme que deixa aquela vontade assistir novamente. Mas flui. É filme para ser visto apenas uma vez.
Destaque para a atriz Amy Ryan, que mostra sua personagem frágil, com sérios problemas psicológicos, de forma digna. Sem cair em estereótipos nem em melodrama.
Hoffman também está bem como ator, convincente, mas não é o ator brilhante de outros filmes, como no caso de “Capote”. Algo totalmente compreensível, afinal, além de ser sua estreia como diretor, ainda acumula a função de ator - protagonista.
O filme tem uma bela trilha sonora, muito bem escolhida e apropriada. Os quatro atores (que formam os dois casais principais) tem uma boa sintonia e empatia com o público.
É o tipo de filme que os estúdios financiam sabendo que não renderá lucro (muito pelo contrário), mas mesmo assim o fazem para deixar o ator-diretor grato, para que numa próxima produção o estúdio possa contar com sua brilhante atuação. Como é de se imaginar, muito poucos atores (ou diretores) tem esse suporte de um estúdio para realizarem seus projetos pessoais.
Primeiro filme dirigido pelo ator Phillip Seymour Hoffman, “Vejo Você no Próximo Verão” conta a história de um solitário motorista de limusine chamado Jack (interpretado por Hoffman) que aos poucos vai se envolvendo com Connie (interpretada de forma competente pela atriz Amy Ryan). Connie é uma moça tímida, cheia de complexos, frequentemente agredida física e moralmente pelos homens. Enquanto o casal se entende, outro casal (responsável pelo encontro de ambos) se desfaz.

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