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GONZAGA - De Pai pra Filho


por Beto Besant
 
Aconteceu nesta terça-feira 16 de outubro, a exibição seguida de coletiva de imprensa do filme Gonzaga - de Pai pra Filho, no Shopping Eldorado, em São Paulo/SP. Estavam presentes: roteirista, diretor, produtoras e elenco principal.
 
O filme conta a história do sanfoneiro da cidade de Exú, no interior de Pernambuco, que mais tarde ficou conhecido como "rei do Baião" e sua conturbada relação com seu filho Gonzaguinha. Com a morte de sua mãe, Gonzaguinha foi criado por um casal amigo de seu pai. A relação entre pai e filho manteve-se distante até a década de 80, quando finalmente se aproximaram e fizeram juntos uma série de shows.
 
Breno Silveira
Apesar de ser um melodrama, gênero assumidamente preferido pelo diretor Breno Silveira, é um belo filme, muito bem escrito e dirigido. A opção por iniciar o filme com Gonzaguinha pensando em seu pai e recebendo o recado de que este quer lhe falar, desperta a curiosidade no público em saber o que acontece entre eles.
 
Mais uma vez Breno se junta à sua roteirista Patrícia Andrade, e fazem uma parceria muito afinada. Ambos sabem muito bem como contar um drama familiar e nota-se a sintonia de um produzir o que o outro espera.

A produtora Márcia Braga diz: "A história começou quando o Daniel Gonzaga (filho de Gonzaguinha) me entregou fitas onde haviam entrevistas que seu pai havia gravado com seu avô, e disse que queria conhecer a história do pai".

Com isso procurou o diretor, que percebeu que o filme deveria ser sobre a relação entre pai e filho, e não apenas sobre o filho.

Chambinho do Acordeon
O maior trunfo do filme é a escolha do elenco. Luiz Gonzaga é interpretado por Land Vieira, Chambinho do Acordeon e Adélio Lima, de acordo com a idade. O músico Chambinho do Acordeon interpreta o Rei do Baião em sua fase áurea, e além de cantar e tocar, tem um carisma impressionante.
 
O elenco tem outras grandes atuações, como Sílvia Buarque, Luciano Quirino, Nanda Costa e Cláudio Jaborandy. João Miguel e Domingos Montagner fazem participações especiais primorosas.

A preparação para interpretar o papel foi feita por Sérgio Penna (favorito em nove a cada dez atores) e consegue um bom resultado após uma seleção entre dez mil inscritos. Chambinho conta que após os testes foi até o museu de Luiz Gonzaga, enquanto fazia suas orações recebeu um telefonema informando que havia sido escolhido para o papel.
 
Júlio Andrade
O leitor deve ter percebido que ainda não mencionei o ator que interpreta Gonzaguinha, que pode-se dizer que é verdadeiramente o protagonista do filme, mesmo tendo menos cenas. O que acontece é que o ator Júlio Andrade, um dos poucos atores "camaleônicos" do cinema nacional, faz uma interpretação que mais pode ser chamada de "incorporação", como disse Breno Silveira. Sua atuação é magistral, e faz com que tenhamos a sensação de estar assistindo a um documentário com o próprio Gonzaguinha. Quem lembra do biografado ficará impressionado com a transformação do ator, que não só atua com perfeição, como ainda toca violão e canta com timbre semelhante ao de Gonzaguinha.

Land Vieira e Sílvia Buarque
O diretor conta que após dois anos para encontrar quem interpretaria Luiz Gonzaga, pois não abria mão de ter os atores principais antes de começar a produção, recebeu como segundo candidato ao teste para Gonzaguinha o ator Júlio Andrade, que não foi reconhecido por chegar já caracterizado e perguntando se poderia fumar, acendendo o cigarro com os trejeitos do personagem. Em seguida perguntou se poderia cantar. Breno diz: "Neste momento pensei, só falta atuar!"
Após alguns minutos, Breno mandou dispensar todos os outros candidatos, pois já tinha o ator.
 
"Eu crescí ouvindo Gonzaguinha porque meu pai é muito fã dele. Quando ele foi assistir ao filme disse que não estava acreditando que eu tinha feito o papel" - conta Júlio.


 
A direção de fotografia é do competentíssimo Adrian Teijido. A direção de arte de Cláudio Amaral Peixoto é boa, mas dá pequenas "escorregadas", como na cena em que Gonzaguinha dirige uma Brasília do Sudeste para o Nordeste, e o carro chega na casa de seu pai nem nenhuma poeira. Mas isso não compromete.
Como um bom melodrama, às vezes a trilha-sonora é exagerada, mas nada que impeça de se desfrutar dessa bela história real. A montagem optou por acrescentar imagens reais durante todo o filme, o que normalmente se evita para não "lembrar" o público que se trata de um filme. De qualquer forma, o elenco está tão bem que a mim não incomoda.
 
Outra virtude do roteiro e direção foi não quererem "endeusar" os personagens, apresentando-os com suas virtudes e defeitos. O que dá profundidade e deixa que o público reflita sobre as fortes personalidades mostradas.

O filme entra em cartaz na mesma época de lançamento de grandes "blockbusters". Como disse Breno Silveira: "Vamos brigar com James Bond e os vampiros do Crepúsculo". Vamos torcer para que o filme tenha uma grande bilheteria, pois merece o reconhecimento.

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A BUSCA

 
 
por Beto Besant
 
Nesta sexta-feira, dia 19/10, aconteceu em São Paulo, na Cinemateca Brasileira, a exibição do filme A Busca. Nova produção estrelada por Wagner Moura, ainda tem no elenco Mariana Lima e Lima Duarte, com direção de Luciano Moura.
 
Brás Moreau Antunes e Wagner Moura
O filme conta a história de Theo (Wagner Moura), médico cujo casamento com Branca (Mariana Lima) está em crise e o relacionamento com o filho adolescente Pedro (Brás Moreau Antunes) anda conturbado. Após muitas discussões, Pedro desaparece no final de semana em que completaria 15 anos. Seus pais descobrem que fugiu de casa. A partir daí, Theo vai em busca do filho, percorrendo locais que o fazem pouco a pouco encontrar a si mesmo.
 

Luciano Moura
Após a exibição, diretor e parte do elenco e equipe técnica conversaram com o público. Dentre eles, Wagner Moura, Brás Moreau Antunes e Adrian Teijido (Diretor de Fotografia).
 
Luciano Moura, que vem da experiência publicitária e dirigiu as minisséries Filhos do Carnaval e Cidade dos Homens, estreia na direção de longa-metragem. Faz um bom trabalho como diretor, porém deixa a desejar no roteiro, escrito em parceria com Elena Soárez. Isso porque começa bem mas vai perdendo o ritmo, apresentando situações pouco críveis ou que nada acrescentam à trama.
 
As boas atuações fazem com que esperemos um final surpreendente, ou no mínimo emocionante. Mas nada disso acontece, terminando de forma totalmente previsível e decepcionante. O filme ainda tem a participação especial de Lima Duarte.
 
A fotografia de Teijido e a trilha sonora de Beto Villares estão excelentes.
 
Não é um grande filme mas vale como passatempo, principalmente para os fãs de Wagner Moura, que diz ter aceito fazer o filme por ter gostado muito do roteiro, que é exatamente o maior problema.

 

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A PARTE DOS ANJOS (The Angel's Share)

 
 
por Beto Besant
 
Um grupo de jovens delinquentes é condenado a prestar serviços comunitários na cidade de Glasgow (Escócia). Dentre eles, Robbie (Paul Branningan), um jovem sempre envolvido em brigas e uso de drogas que, ao saber da gravidez de sua namorada, decide mudar sua história para criar seu filho longe das confusões a que está habituado. Por ser de uma família desestruturada, onde seu pai brigava com o pai de seu maior rival, ninguém acredita que possa sair dessa vida, e seu sogro tenta de todas as formas convencê-lo a largar sua namorada e mudar-se para Londres.
 
Por sorte, Henri (John Henshaw), o educador responsável, é um apaixonado por whisky e acaba descobrindo em Robbie um enorme talento para a degustação da bebida.
 
Dirigido pelo inglês Ken Loach, o filme mantém seu estilo, sempre político e ligado às questões sociais. A grande diferença é que neste caso Loach procurou uma forma divertida para apresentar a trama. Mesmo sendo um drama social, o filme vem com uma "roupagem" de comédia, despertando boas gargalhadas da plateia. O único momento em que o diretor "perde a mão" é quando insiste com a piada do jovem que se machuca ao andar de kilt (aquelas "saias" escocesas), o tipo da piada que tem graça uma vez, mas ao voltar no assunto por mais duas vezes se torna chato.
 
 
 
Com um elenco formado por atores e não-atores, Loach consegue um resultado incrível, através de seus métodos de improvisação, onde muitas vezes só um dos atores sabe o que irá acontecer na cena, fazendo com que todos os outros tenham que agir da forma mais espontânea possível. O resultado é um filme divertido, com momentos de emoção, e o drama como "pano de fundo". O elenco tem entrosamento e consegue com que o público "compre" a história.
 
É um belo filme, que nos deixa sair da sala de cinema com uma sensação mista de leveza e emoção.  Ganhou o Prêmio do Juri no Festival de Cannes deste ano.
 
O título refere-se a uma pequena quantidade de whisky que desaparece dos barris toda vez que são abertos. Para esta fração se diz que é A Parte dos Anjos. Comparando-se com a atual safra cinematográfica, pode-se dizer que este filme é a parte dos anjos da cinematografia contemporânea.
 
 

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EM NOME DE DEUS (Captive)

 
por Beto Besant 
 
Retratando um fato ocorrido em 2001, aborda o sequestro praticado pelo grupo extremista Abu Sayyaf, que exigia a independência da ilha Mindanao.
A história é contada sob a ótica de Thérèse Bourgoin (Isabelle Huppert), uma francesa que trabalhava em serviços humanitários nas Filipinas quando foi sequestrada junto com outros estrangeiros.
Após uma longa viagem de barco, são abrigados num hospital, até serem atacados pelo exército Filipino.
 
O roteiro apresenta fatos incômodos, como da sequestrada que passa a se interessar pelos sequestradores ou o sequestrado que compulsoriamente torna-se muçulmano, por acreditar que desta forma será protegido. Em certos momentos, a protagonista enfrenta seus sequestradores para que tenha o direito de enterrar uma amiga católica que morre durante o trajeto.
 
Devido ao fato do roteiro não apresentar a história pessoal dos sequestrados nem dos sequestradores, o público não se envolve muito com a trama. 
 
 
 
A direção de Brillante Mendoza tem altos e baixos, pois utiliza em grande parte do filme câmera na mão, para que a imagem fique tremida e dê a sensação de insegurança e nervosismo. Tem uma bela fotografia e produção dificílima.
 
O elenco está muito bem e os efeitos de explosão, tiros e violência são muito bons. A montagem inicia de forma eficiente, mas na segunda metade do filme perde muito o ritmo (mesmo sendo um filme de ação), com isso vai ficando lento e cansativo.
 
É um grande filme que merece ser visto, principalmente para os mais chegados ao tema, mas nã é um filme que marcará a vida de ninguém.
 
 

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MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

 
 
por Beto Besant
 
Nesta última quinta-feira, dia 18 de outubro, aconteceu no Auditório do Ibirapuera a 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
O evento contou com presenças ilustres da política brasileira e do cinema nacional e internacional. A apresentação ficou a cargo dos jornalistas Serginho Groismann, Marina Person e da diretora geral Renata de Almeida.
 
A Ministra da Cultura Marta Suplicy falou sobre os vários filmes internacionais que só eram possíveis de serem vistos através da Mostra.

Marta disse que houve uma época em que a premiação da Mostra por voto popular era a única forma do povo ter o direito de votar, o que despertou risadas por parte da plateia.

Apesar de fazer um discurso que já havia sido previamente escrito, ao sair do roteiro e se referir a Serginho Groisman o chamou de "Carlinhos".
 
 
O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab também foi uma presença ilustre no evento e comentou a importância do evento para a cultura da cidade.

Kassab e Marta saíram rapidamente do evento para acompanharem o debate dos candidatos à prefeitura da cidade.

O prefeito estava acompanhado de Augusto Calil Filho, secretário de Cultura da cidade.

Também houve a presença de Manoel Rangel, presidente da ANCINE (Agência Nacional de Cinema).



Andrei Andreiévitch Tarkóvski, filho  do lendário cineasta russo Andrei Tarkóvski (1932 - 1986), esteve presente por conta da rara exposição de polaroides de seu pai, o grande homenageado desta edição, tiradas entre 1979 e 1984. A exposição acontece no MASP (Museu de Artes de São Paulo) e fica até o dia 25 de novembro.

As fotos estão no livro "Tarkóvski - Instantâneos", vendido durante o festival.

O Cinesesc realiza uma instalação com fotografias, trechos de seus poemas e partes do filme O Espelho. Também até 25 de novembro.

Também acontecem debates no MIS, FAAP e CINUSP sobre a obra do artista.

O filho do cineasta disse estar muito feliz por saber que a obra de seu pai é tão admirada e estudada no Brasil. 

 



Outra presença importante foi do produtor Daniel Dreifuss. Produtor do filme No, escolhido para a abertura da Mostra, tem a direção de Pablo Larraín e Gael Garcia Bernal como protagonista.
O filme aborda o plebiscito organizado pelo presidente chileno Augusto Pinochet para saber se o povo queria sua permanência no governo por mais oito anos. Era uma votação planejada para que sua vitória aquietassse a pressão internacional.
 
Daniel Dreyfuss é mineiro mas reside em Los Angeles. É o responsável pela coprodução americana do filme. Explicou que Larrain e Bernal gostam muito do Brasil e só não puderam estar presentes por compromissos profissionais.
 
A 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo vai até o dia 1 de novembro. Maiores informações: www.36.mostra.org
 
 
 

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OS CANDIDATOS (The Campaign)


por Beto Besant
 
 
Cam Brady (Will Ferrell) é o típico político sem escrúpulos que se prepara para assumir o mais alto cargo do governo americano. Como não tem inteligência compatível com sua ambição, um terrível escândalo faz com que sua imagem pública fique abalada. Com isso, os empresários que financiariam sua campanha decidem lançar outro candidato: Marty Huggins (Zach Galifianakis).
 
Huggins é um tipo completamente diferente do que se imagina de um político: esquisito, tímido e com uma postura não condizente para o que se necessita.
 
Dispostos a não perderem as eleições, seus patrocinadores contratam Tim Wattley (Dylan McDermott) para mudar a imagem do candidato. O trabalho dá resultado e logo este passa a ameaçar a eleição de Huggins, que parte para o confronto disposto a tudo.
 
Dá-se início a uma disputa onde um é capaz de tudo e outro nem ousa dizer um palavrão.
 
 
Como se pode imaginar, este filme não prima por uma trama cerebral e sofisticada, vai pelo caminho fácil da comédia óbvia, e que agrada à maioria das pessoas. Poderia ter desenvolvido melhor a trama, com menos clichês e até utilizando uma pretensa comédia para tocar em assuntossérios de forma leve, porém atinge seu objetivo de fazer um humor popular e fácil de entender.
 
 
 
A direção de Jay Roach (Entrando Numa Fria e Austin Powers - Um Agente Nada Especial) faz o óbvio, sem trazer nenhuma novidade. Por sorte, Galifianakis toma o filme para si, numa interpretação impecável. John Lithgow é um ótimo ator que tem seu talento desperdiçado num personagem fraco e apagado.
 
 
Os Candidatos até consegue bons resultados, com momentos divertidos e capazes de tirar gargalhadas do público, apesar do final decepcionante, mas é do tipo "deixe o cérebro em casa para ir ao cinema dar umas risadas descompromissadas". Válido apenas para fâs do gênero.
 
 
 
 
 
 

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RELAÇÃO EXPLOSIVA (Hit and Run)

 
 
por Beto Besant
 
O casal Charles Bronson (Dax Shepard) e Annie (Kristen Bell) vive um romance conturbado, até o momento em que ela recebe uma proposta de trabalho irrecusável em Los Angeles. O namorado, que não pode voltar à cidade por estar no programa de proteção à testemunha, nem se sente bem em pedir apra que ela recuse o trabalho, decide arriscar sua vida e acompanhá-la.
 
Gil (Michael Rosenbaum) é um ex-namorado ainda apaixonado que descobre sua verdadeira identidade: Yul Perrkins, ex-assaltante de banco que será testemunha de acusação contra seus ex-parceiros, dentre eles Alex Dmitri (Bradley Cooper). Com isso, informa Dmitri sobre os passos de seu desafeto.
 
 
 
O filme foi escrito por Dax Shepard e dirigido por ele junto com David Palmer. Ou seja, Shepard escreve, dirige e é o protagonista. Este acúmulo de funções se mostra um tremendo equívoco, pois produz um filme de roteiro fraco, situações "forçadas" e cenas de perceguição entediantes. É apresentado como comédia, mas pra alguém dar risada neste filme tem que estar com muita vontade de rir.
 
O roteiro ainda apresenta a homossexualidade de alguns personagens, o que nada acrescenta à trama, apenas com o intuito de ser "engraçadinho".
 
 
 
Todos os clichês possíveis estão lá, inclusive o de mostrar mulheres lindas e sedutoras. A tentativa de se fazer um filme comercial acaba por se tornar exatamente o inverso, um tipo de filme que não agrada a ninguém. Se ao menos fosse um filme autoral, teria lá seu nicho, mas essa falsa ideia de se fazer um filme pra todos se transformou num filme pra ninguém.
 
 

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A ENTIDADE (Sinister)


por Roberto Bouchiglioni

O diretor Scott Derrickson, cuja carreira se alterna entre o bom Hellraiser: Inferno, o ótimo O Exorcismo de Emily Rose e a medíocre refilmagem O Dia em que a Terra Parou, parece que vai nos contemplar com mais uma boa obra, ao menos assim eu penso até os primeiros 30 minutos do filme.

A Entidade inicia de forma interessante, onde o escritor Ellison (Ethan Hawke, muito bem no papel) pretende alcançar momentos de glória com a criação de novo livro, sabor este causado por seu best-seller há mais de 10 anos. Especializado em histórias cujo tema central é o assassinato em sequência, Ellison decide mudar-se com a família para uma pequena cidade, acomodando-se propositadamente em uma casa onde ocoreu o assassinato de uma família. No sótão, descobre uma caixa um projetor e filmes caseiros, mostrando várias famílias sendo assassinadas, o que o instiga a seguir suas investigações.

A mulher de Ellison, Tracy (Juliet Rylance), apoia o trabalho do marido, apesar de sofrer com a perturbação psicológica do filho mais velho - eles tem um casal, ainda são crianças em idade escolar. Sua desconfiança de que aquela casa vem amplificando o problema do menino passa a ser fonte de desentendimentos, enquanto Ellison procura convencê-la de que sua investigação a respeito do crime hediondo ocorrido naquela cidade é a chave do sucesso do livro a ser editado.


Ao esconder de sua esposa que o assassinato foi cometido no jardim do imóvel onde estão morando, Ellison toma para si toda a responsabilidade acerca dos fatos sobrenaturais.

Na tentativa de acrescentar tensão à história, o roteiro convoca o protagonista a resolver sozinho a questão, antes que a família seja posta em perigo. A trama então se acomoda numa repetição de cenas cotidianas. Na tentativa de dinamizar, o diretor opta por incluir sustos que no decorrer do filme se tornam previsíveis, embora não exista aquele desespero por “mostrar serviço” utilizando computação gráfica em excesso e jogando monstros contra a câmera. Esta opção se revela malsucedida, pois a segunda metade causa impaciência e o desejo de que ele acabe logo.

A construção do suspense é razoavelmente eficiente, deixando algumas resoluções a serem trabalhadas na imaginação do espectador. A trilha sonora de Christopher Young (A Casa de Vidro) ajuda a compor a atmosfera necessária, ainda que opte pelo lugar comum na maioria das vezes.


Apesar da minha esperança - afinal, a história intercala os sustos de ordem sobrenatural com momentos interessantes de pesquisas e investigações - a obra não supera a expectativa de identificação do público vendida em sua proposta, tampouco instiga a inteligência do espectador. E quando este fator acontece, o risco da previsibilidade do final torna-se eminente. À Entidade, falta-lhe identidade.

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OS INFRATORES (Lawless)

 
 
por Beto Besant

Em plena época de Lei Seca, os irmãos Forrest Bondurant (Tom Hardy) e Howard Bondurant (Jason Clarke) tem uma pequena fábrica clandestina de bebidas. Forrest é o tipo "brucutú", de poucas palavras, que mais "rumina" do que fala enquanto Howard é mais ponderado. Eles tem um irmão mais novo, Jack (Shia LaBeouf), que é alheio aos negócios e apenas brinca de fazer poses de gângster enquanto idolatra criminosos famosos, como Floyd Banner (Gary Oldman). 

A relativa tranquilidade dos negócios acaba quando chega na cidade o policial Charlie Rakes (Guy Pearce). Vindo de Chicago, está habituado a extorquir os mafiosos para que não atrapalhe os negócios. Acontece que Forrest é o tipo de criminoso à moda antiga, que não aceita chantagem.
 
Mesmo sendo aconselhado por seus "colegas de crime" a negociar com o policial, decide enfrentar suas investidas e não aceitar chantagens.
 
A partir daí instaura-se uma guerra entre o policial e os irmãos.

Paralelamente, Forrest envolve-se com a lindíssima Maggie (Jessica Chastain) depois de muitas investidas dela. Jack apaixona-se por Bertha (Mia Wasikowska), filha do pastor do vilarejo, mas como era de se esperar, o romance não é aceito pela família da jovem.
 
 
 
O filme tem o roteiro escrito pelo músico Nick Cave. Percebe-se que falta "bagagem" ao roteirista, pois este é exatamente o maior problema do filme. A apresentação dos personagens (que carregam a fama de "imortais") não é muito clara, não sabemos exatamente como surgiu e nem qual sua veracidade. O roteiro também apresenta até sua primeira metade um dos irmãos como protagonista e aos poucos outro irmão assume a função.
 
Além disso, o final é um pouco fantasioso, o que pode ser explicado devido ao fato do roteiro ser adaptado do livro The Wettest County in the World, de Matt Bondurant (neto dos personagens do filme). 
 
É provável que o livro tenha sido escrito baseado nas histórias contadas em família (que o próprio filme mostra terem um Q de fantasiosas) e não em fatos históricos, mesmo porque, o filme coloca os irmãos como "vilões do bem", ou seja, são foras da lei apresentados como "mocinhos". Um reflexo bem apropriado da imagem que o autor deve ter de seus antepassados.
 
 
 
Dirigido por John Hillcoat (de "A Estrada"), Os Infratores consegue suprir alguns problemas com uma direção eficiente, boas atuações, cenas de grande violência e uma bela trilha sonora. A montagem tem um ritmo adequado, segurando o público durante a maior parte do tempo, apenas pecando nos momentos finais, onde o filme torna-se um pouco lento.
 
A pequena participação de Gary Oldman é desnecessária, pois este, que na minha opinião é o melhor ator da atualidade, deveria ser melhor aproveitado ou não ser escalado para a produção.
 
O filme aborda um tema desgastado e que ao mesmo tempo carrega a responsabilidade de manter o nível de grandes filmes do gênero. O resultado não é nenhuma "obra de arte" mas é uma boa diversão para os fâs do gênero.
 
 

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ROTA IRLANDESA (Irish Route)

 
 
por Beto Besant
 
Fergus (Mark Womack) tem em Frankie (John Bishop) seu grande amigo, uma amizade tão forte que está acima de qualquer outra pessoa da vida de ambos. Fergus convence o amigo a trabalhar com ele como segurança privado na rota que já foi considerada mais perigosa do mundo, apelidada de Rota Irlandesa. A rota liga o Aeroporto de Bagdá a uma região conhecida como Zona Verde, hoje Zona Internacional.
 
Frankie morre, fazendo com que Fergus faça sua própria investigação sobre o que realmente teria ocorrido.
 
A única "pista" é uma filmagem da morte feita com um aparelho celular onde funcionários da empresa onde os amigos trabalhavam executa uma família em um taxi. A revolta de Frankie e posteriormente sua morte faz com que Fergus desconfie da versão oficial da morte.
 
Conforme as investigações avançam, vai percebendo que Frankie criou mais inimigos do que apenas iraquianos, e como os interesses financeiros estão acima de qualquer escrúpulo.
Rachel (Andrea Lowe) é a viúva de Frankie, que culpa o amigo de seu marido pela morte. Aos poucos, um vai identificando no outro algo como que um resquício de Frankie, uma forma de se aproximar dele. 
 
 
 
O filme é dirigido pelo premiado inglês Ken Loach, conhecido por denunciar as mazelas sociais, e mostra uma realidade atual que incomoda tanto a americanos quanto a iraquianos, denunciando a privatização da ocupação do Iraque pelos Estados Unidos, e como muita sujeira é varrida para debaixo do tapete em nome de não se diminuir os lucros.
 
Rota Irlandesa aborda paralelamente até que ponto a regra "olho por olho, dente por dente" é válida, e como isso pode levar a consequências imprevisíveis. O desafecho da trama é surpreendente e vale a espera.
 
 
 
Loach encontra uma forma muito interessante de apresentar o roteiro de Paul Laverty, conduzindo os atores de forma que eles nunca saibam exatamente o que vai acontecer. Vai entregando o roteiro passo a passo e às vezes apenas um deles sabe o que deve fazer, cabendo aos outros apenas improvisarem.
 
O resultado é um filme com ótimas interpretações, que toca num tema contemporâneo importantíssimo. A montagem é ágil, e segura o espectador com facilidade. Os diálogos são bem interessantes e o roteiro apresenta um personagem humano em sua passagem por uma experiência marcante sem precedentes. E por consequência todos os altos e baixos de suas atitudes.
 
 

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SELVAGENS (Savages)

 
por Beto Besant 
 
Chon (Taylor Kitsch) e Ben (Aaron Johnson) são ótimos amigos, destes que chegam ao ponto de terem a mesma namorada e transarem simultaneamente.
A belíssima namorada de ambos é Ophelia (Blake Lively), uma burguesinha que passa a vida transando e fumando maconha enquanto sua mãe viaja o mundo.
 
Os amigos descobrem uma forma de produzir a melhor maconha do mundo e ganham projeção no submundo do crime, o que desperta a inveja de outras quadrilhas. Com isso, O (como a jovem é conhecida) é sequestrada, o que faz com que tenham que arquitetar um plano para recuperarem a moça.

A chefe da quadrilha rival é Elena Sanches (Salma Hayek), que tem em Lado (Benicio Del Toro) seu capanga. Além disso, ela tem uma filha que detesta sua vida no crime.
O policial federal Dennis (John Travolta) é o típico policial corrupto, que "joga dos dois lados".
 
 
 
Se fôssemos imaginar o que seria do filme Tropa de Elite (de José Padilha) dirigido por Quentin Tarantino, teríamos um resultado próximo deste filme. Selvagens é a mais nova direção do experiente e politizado Oliver Stone, que desta vez tenta fazer um filme mais aos gosto popular, se afastando das questões mais sérias e engajadas de outros tempos.
 
 
O elenco "estelar" é um bom trunfo e segura bem os personagens. O grande problema do filme são os clichês, pois não conseguiu deixar o estilo "mocinhos belos musculosos em contraponto com vilões feios e sujos". Também não escapou do clichê "chefe-gostosa-malvada", papel interpretado com competência por Hayek mas que não deixa de ter seus deméritos.
 
 
 Outro clichê é a "famigerada" voz of, que nove entre dez filmes atuais utilizam, apesar de que neste caso é utilizado com parcimônia.
 
 
 
Apesar de algumas críticas, o filme é bastante "palatável" e segura bem o expectador.

Tem uma montagem ágil e competente. A opção por dois finais é algo que divide opiniões.
 
 
 
 
 
É um filme mais voltado ao divertimento sem compromisso que vale à pena ser visto, inclusive para conhecer o trabalho do diretor em outro gênero.
 
 

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