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AS PALAVRAS (The Words)



por Beto Besant

O renomado escritor Clay Hammond (Dennis Quaid) faz uma leitura pública para promover seu livro mais recente.
O livro conta a história do jovem Rory Jansen (Bradley Cooper), que tenta lançar seu primeiro livro, mas, apesar de ter talento, nenhuma editora se interessa.


Sua sorte começa a mudar quando encontra o original de um excelente livro de autor desconhecido.

Digita-o em seu computador e sua mulher Dora (Zoe Saldana) lê pensando ser de sua autoria, incentivando-o a apresentar às editoras. Já desesperado por depender de seu pai (J. K. Simmons), decide por levar o livro a uma editora, que aceita publicá-lo, tornando-o um escritor de enorme sucesso.
Tudo vai muito bem até que o verdadeiro autor (Jeremy Irons) o procura e conta como tudo ocorreu. A partir daí acompanhamos a terceira história.

Durante todo o filme, fica em aberto a possibilidade dessa ser a história do personagem Hammond, ao invés de uma mera ficção. 


Bem escrito e dirigido por Brian Klugman e Lee Sternthal, o filme "peca" ao escolher Dennis Quaid para interpretar o personagem que conduz toda a trama. Como suas cenas são mais curtas, o personagem precisaria de um ator com maior força interpretativa. A belíssima atriz Olivia Wild consegue marcar presença graças à sua beleza e seu poder de sedução.

A boa trilha sonora é assinada pelo brasileiro radicado nos Estados Unidos  Marcelo Zarvos e traz momentos muito delicados e emocionantes.




Nas três histórias há em comum o fato das mulheres desencadearem fortes consequências.

As Palavras é um filme que vai além da discussão de plágio, mas sim a discussão da ética e as consequências das escolhas de cada um. Seu tema não é dos mais originais, mas é tratado de forma muito interessante.

Suas histórias intercaladas forçam o público a não perder nem um minuto da atenção, e não agrada a todos os gostos. Apesar de ter um final aquém das expectativas, é um belo filme e merece ser visto.


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E AGORA, ONDE VAMOS? (Et Maintenant, On Va Où?)

 
por Beto Besant
 
Um vilarejo com sua pequena população dividida entre católicos e muçulmanos, vive há décadas em harmonia. Porém a notícia de guerra entre as religiões vindas pela TV começam a incitar a violência entre os moradores.
 
Todo circundado por minas terrestres, o povoado tem numa ponte sua única ligação com o mundo. Após um acontecimento que poderá levar ao início de uma guerra civil, as mulheres decidem fazer de tudo para evitarem o confronto, como boicotar informações vindas de fora e simular milagres. Depois decidem contratar um grupo de dançarinas ocidentais para desviarem a atenção dos homens do vilarejo. Por fim, utilizam de um subterfúgio "menos ortodoxo" para conseguirem seu objetivo, algo que em nada combina com mulheres religiosas da terceira idade.
 
 
Segundo longa-metragem da atriz, roteirista e diretora franco-libanesa Nadine Labaki, que estreou em 2007 com o elogiado Caramelo, é o indicado ao Oscar 2012 pelo Líbano e traz uma história séria porém com vários momentos divertidos, um grande mérito não muito frequente.  
 
O bom roteiro foi surgiu a partir da guerra civil que abalou o Líbano por 15 anos. A diretora tem o  cuidado de não citar ou localizar onde a história se passa, pois acredita que poderia acontecer em qualquer lugar que tenha católicos e muçulmanos. O problema é que supõe que os homens sejam totalmente manipuláveis por suas mulheres, tornando-o um pouco fantasioso e dando um tom de fábula.
 
A direção é competente, pois trabalha com atores não profissionais e sabe inserir momentos de musical sem incomodar aos menos chegados ao gênero. A boa trilha sonora é composta por Khaled Mouzamar, marido da bela diretora, que interpreta Amale.
 
É uma boa experiência de se assistir, mas não um filme indispensável para os amantes do cinema. 
 
 

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ERA UMA VEZ EU, VERÔNICA


por Beto Besant

Verônica (Hermila Guedes) é uma médica recém formada que trabalha num hospital público de Recife. Solteira, mora com o pai idoso e se questiona se quer mesmo viver da profissão. Sentimentalmente, não consegue se apaixonar por ninguém, se questionando se não encontrou a pessoa certa ou se tem "coração de pedra", como diz a personagem.

 
Terceiro filme do pernambucano Marcelo Gomes (dos ótimos Cinema, aspirinas e urubús e Viajo porque preciso, volto porque te amo), teve seu roteiro baseado em depoimentos de dezenas de jovens recifenses e não segue o padrão do cinema clássico a que o público está acostumado, onde a história divide-se em três atos. Ao contrário desses filmes (onde algo acontece para desestabilizar os personagens, até que o problema é solucionado), em Era uma vez eu, Verônica pequenos fatos vão acontecendo e causando pequenas transformações na personagem.
 
Como já era de se esperar, o filme traz uma ótima direção e roteiro. É ousado nas cenas de nu, sexo e beijos mais quentes, cenas pertinentes para contar a história da personagem que foge do padrão das "mocinhas à procura de romance", pois como ela não se apaixona, procura dos homens apenas satisfazer-se sexualmente.
 
Em determinado momento, um personagem tem uma doença mortal, e é muito interessante ver que o roteiro não mostra qual a doença e a direção não cai no clichê de utilizar de uma trilha melodramática para acentuar a cena, contenta-se em colocar apenas os ruídos da cidade. Aliás, a trilha sonora de Tomaz Alves Souza e Karina Buhr (que faz uma participação especial) mantém a boa qualidade do filme, pois fica ressoando em nossa cabeça após os créditos finais.
 

O único problema é que, ao ter usado um hospital em pleno funcionamento durante as filmagens, os figurantes destoam do elenco, tem sempre um deles olhando para a câmera.
 
Por outro lado, o elenco principal está impecável. Hermila Guedes, por mais que já saibamos de seu talento, neste filme está excepcional. Encara as cenas polêmicas com o despudor e desprendimento que a personagem teria.
 
É o tipo de atuação que faz com que não consigamos pensar em outra atriz para o papel. Além dela, dois atores coadjuvantes estão ótimos, são eles W. J. Solha (melhor ator coadjuvante no Festival de Brasília) e João Miguel, que interpretam o pai e o namorado de Verônica, respectivamente.
 
Não é à toa que o filme ganhou sete prêmios no Festival de Brasília e foi elogiado por crítica e público.
 
Em resumo, é um grande filme, porém o talento de Hermila é ainda maior.  
 
 

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POSSESSÃO (The Possession)


por Beto Besant

Clyde (Jeffrey Dean Morgan) é separado de Stephanie Brenek (Kyra Sedgwick) e tem duas filhas, uma adolescente e outra pré-adolescente.
 
Emily (Natasha Calis), a mais nova, pede de presente uma antiga caixa de madeira vendida numa liquidação de garagem. A menina descobre que o objeto guarda coisas estranhas, como cabelos, dente e pequenos objetos antigos. Com o passar dos dias, começa a ver e ouvir fenômenos sobrenaturais, passando a agir de forma estranha. A única pessoa a perceber isso é seu pai, que é desacreditado pela mãe da menina.

Clyde procura ajuda com a comunidade judaica, por se tratar de uma lenda que diz que uma caixa de vinhos que pertenceu a uma sobrevivente do
holocasto aprisiona um demônio chamado Abyzou e trás consequências terríveis aos seus proprietários. Quem se prontifica a ajudá-lo é Matisyahu (o cantor de reggae judeu Matisyahu) um judeu nada ortodoxo que usa dreadlocks.
 
 
 
O filme usa como marketing ter se baseado numa história real e produzido por Sam Raimi (diretor de A Morte do Demônio). O fraco roteiro escrito por Juliet Snowden e Stiles White não traz nenhuma surpresa. Poderia ao menos ter desenvolvido os motivos que levaram o casal a se separar (coisa que até tentar fazer, mas de forma superficial).
 
A direção do dinamarquês Ole Bornedal, também faz o óbvio, repetindo tudo que foi feito até hoje nesse estilo de filme e realizando o que já esperamos de um filme desse tipo. Traz boa fotografia e efeitos especias, que apesar disso, chegam a cair no ridículo tamanho o absurdo da cena.
 
O elenco traz atuações convincentes, principalmente do ator Jeffrey Dean Morgan, mas não é capaz de salvar um roteiro tão fraco.
 
Possessão é "mais do mesmo", sendo indicado apenas aos fãs do gênero.
 
 

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MARCADOS PARA MORRER (End of Watch)

 
 
por Beto Besant
 
Taylor (Jake Gyllenhaal) e Zavala (Michael Peña) são policiais de Los Angeles que gostam do que fazem e acreditam no seu poder de justiça, ainda que feita muitas vezes de forma arbitrária.
Taylor é o tipo conquistador mas que está cansado de relações rápidas e Zavala é um ex dependente químico que é apaixonado por sua mulher, que o apoiou em sua recuperação.
Devido aos seus métodos se tornam alvos de críticas da corporação, até que decidem fazer uma investigação por conta própria e acabam se envolvendo com um poderoso cartel de drogas mexicano.
 
 
 
Primeira direção do roteirista David Ayer, que assinou roteiros como Dia de Treinamento e Tempos de Violência, estreia de forma digna. Um roteiro bem construído, que mostra os policiais de forma humana, com um lado rígido e violento e outro de paixões e romances, como qualquer pessoa de suas idades.
 
Infelizmente, a profundidade que o roteiro dá aos protagonistas não é dada aos vilões, o que deixa o filme maniqueísta.
 
A direção erra ao optar por uma câmera na mão na maior parte do filme, dando a impressão de estarmos assistindo a esses programas de TV onde acompanham a rotina policial. Dessa forma, o roteiro é forçado a colocar sempre uma câmera na mão de algum dos personagens, o que acaba se tornando um "tiro no pé".
Isso porque, se a intenção era fazer o público esquecer que está assistindo a um filme, cenas onde traficantes filmam seus diálogos e ações o tornam inverossímil, chegando num momento onde acaba tendo que usar câmera objetiva (tradicional).
 
O roteiro segue alguns clichês e é um tanto previsível. No momento em que pensamos que fomos surpreendidos, a história volta ao mesmo esquema.
 
Apesar disso, as atuações são convincentes e a montagem dinâmica, o que torna o filme bastante "palatável", principalmente aos fãs do gênero.
 
 

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LAURENCE ANYWAYS (idem)

 
 
por Beto Besant
 
Laurence Alia (Melvil Poupaud) é um professor universitário que vive um sólido romance com Fred Blair (Suzanne Clément), até que decide assumir uma personalidade feminina e vestir-se como tal.
Como se pode imaginar, a tarefa não é nada fácil e vai interferir nos mais variados aspectos de sua vida. Enfrenta problemas de aceitação no trabalho, na família e nas ruas, tendo como único apoio sua (agora ex) namorada.
 
 
 
Terceiro longa-metragem do já cultuado Xavier Dolan, aborda uma temática interessante com um bom roteiro, que mostra, sem ser melodramático nem piegas, que o amor verdadeiro enfrenta todas as dificuldades.
 
Com apenas 23 anos, Dolan escreve, dirige, monta, cria os figurinos e ainda atua, sendo este o primeiro filme onde não está à frente das câmeras.
Seu ponto forte é a trilha sonora, muito impactante e que mescla com perfeição temas eruditos e contemporâneos. O melhor exemplo disso é quando apresenta uma sequência ao som da banda Depeche Mode onde nada teria funcionado melhor.
 
Também utiliza o recurso de sobrepor imagens com um texto escrito de forma bastante interessante. A fotografia é sempre bela e vibrante, com bons movimentos de câmera e enquadramentos. A direção peca por utilizar de metalinguagens óbvias, como numa cena de tristeza em que apresenta uma rua nevando, ou quando a personagem recebe uma notícia ruim e cai água em cima dela. 
 

A escolha de Melvin Poupaud para protagonizar a história mostra-se um tanto equivocada, pois o ator não convence o público com seu personagem, deixando o tempo todo aquele sentimento de "um homem vestido de mulher" (como fez Rodrigo Santoro no filme Carandiru - de Hector Babenco). A única coisa que me vinha a cabeça era: "Como este filme seria melhor se Sean Penn o protagonizasse..." 
 
Por outro lado, a atriz Suzanne Clément dá um show de interpretação, e não é à toa que foi premiada como Melhor Atriz no Festival de Cannes.
 
O maior problema do filme fica por conta da montagem, pois seus 160 minutos deveriam perder no mínimo 40 minutos. Por três ou quatro vezes pensamos que o filme acabou até percebermos que o filme continuará mais um pouco. Uma pena, pois um filme que, curto seria interessante e impactante, acaba ficando monótono e "arrastado".
 
Tido como menino prodígio por uns (desde que estreou seu Eu Matei Minha Mãe com enorme sucesso) e superestimado por outros, mostra que apesar de alguns excessos e preocupações de "mostrar serviço" tem muito para apresentar e evoluir.
 
É o tipo de filme que ao terminar, mesmo após 160 minutos de projeção, faz com que fiquemos assistindo o subir dos créditos para aproveitarmos até o final sua trilha sonora eficiente e pensarmos o que faria personagens como os vistos irem a um ponto tão delicado por outra pessoa.  
 
 
 

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ARGO (idem)

 
 
por Beto Besant
 
Após a invasão da Embaixada dos Estados Unidos no Irã pela população, cinquenta e dois reféns são feitos, porém outros seis conseguem fugir e se esconder na casa do embaixador canadense.
O agente da CIA Tony Mendez (Ben Affleck) é encarregado de resgatar estes diplomatas. Para isso, o plano é simular a produção de um filme de ficção cientìfica de nome Argo onde os refugiados constariam como integrantes da equipe.
 
Baseado numa história real ocorrida em 1979, é bem dirigido por Affleck, que também é o protagonista. A direção segura tem um bom roteiro de Chris Terrio, que evita clichês e melodramas baratos. Também tem a contida atuação de Affleck  apoiada por um grande elenco, como Alan Arkin (que interpreta um produtor de cinema de Hollywood) e  Johnn Goodman (um especialista em maquiagem de efeitos). É deles que surge a maioria das boas piadas que envolvem o meio cinematográfico. Algo como rindo de si mesmos.
 
 
 
O filme apresenta imagens de arquivo que nos dão a real gravidade da situação e a semelhança entre os personagens e fatos ocorridos. Para isso, a fotografia optou por utilizar de uma resolução mais baixa e um tratamento de cor com maior intensidade e contraste, que somados a uma bela direção de arte, nos permitem assistir às imagens de arquivo inseridas no filme sem percebermos muita diferença.  Algo similar foi feito recentemente no filme No, do chileno Pablo Larrain.
 
Argo, que foi produzido pelo diretor junto com George Clooney, toca num assunto incômodo aos Estados Unidos sem tentar suavizar a política de arrogância e autossuficiência americana. Não é à toa que o fato foi escondido pelo governo durante duas décadas.
 
É possível perceber que protagonizar sua própria direção fez com que Affleck não pudesse se concentrar o necessário para o papel, se saindo melhor por trás das câmeras, em um filme que tem toda a "cara de enlatado americano" mas é bem mais que isso. 

 
 

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