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SE EU FICAR (If I Stay)


por Beto Besant

Vendo o trailer de "Se eu ficar" fica clara a proposta do filme: contar a história de Mia (Chloë Grace Moretz), uma adolescente que sofre um acidente de carro e passará o filme inteiro vagando fora do corpo, sem saber se sobreviverá no fim da história.


Cientes disso, acompanhamos à trama, que não tarda a nos entregar seu "prato principal". A jovem garota, desde a infância apaixonada por música erudita, para o desespero de seus pais roqueiros, estuda violoncello dia e noite e torna-se uma exímia instrumentista. Na escola apaixona-se por Adam (Jamie Blackley) iniciando um breve mas tórrido romance. Numa viagem familiar, sofre um acidente de carro e passa a vagar fora de seu corpo enquanto acompanha a luta dos médicos para salvarem seus familiares.

Adaptado por Shauna Cross, o filme é baseado no best seller de Gayle Forman e dirigido pelo estreante em longas-metragens R.J Cutler.

A narrativa é muito eficiente, - aliada a uma boa montagem, alterna momentos anteriores ao acidente com momentos que precedem o início do namoro. E depois, momentos posteriores ao acidente intercalados com momentos que sucedem o início do namoro.

Apesar da famigerada voz off, neste caso ela não chega a incomodar. Quando Mia conta o início de namoro de seus pais e sua infância, o filme tem um bom momento ao apresentar a história em fotos e os pais da jovem muito bem caracterizados como jovens roqueiros.

Com competência, o filme conduz o público pela história com bom ritmo. Apesar do clima romântico, não é chato, e o público envolve-se com os personagens. Claro que os mais experientes já podem prever o resultado e passam a torcer para serem surpreendidos pelo roteiro. O que não acontece - afinal, é um filme comercial visando milhões de dólares de bilheteria.


O grande problema é que o filme fica apenas na superfície da história. Mesmo com o final previsível, poderia ser explorado o que realmente se torna importante para uma pessoa nesta situação, e não somente quem é importante. Com tantas coisas que a situação poderia levantar, limita-se a destacar o momento em que a menina se sente, finalmente, parte de um grupo. Isto acontece durante um flashback de uma pequena festa familiar, onde ela toca seu instrumento acompanhada por seu namorado e todos os presentes admiram e se divertem. 

Apesar do filme flertar com o melodrama, consegue evitar o gênero por completo nas consequências do acidente. Destaque para a cena em que seu avô (interpretado por Stacy Keach) tem uma emocionante conversa com a neta, e também para as cenas em que Mia e Adam aparecem tocando seus instrumentos. O ator Jammie Blackley realmente canta e toca guitarra com sua banda - e se Moretz não toca, no mínimo se preparou muito bem para dar credibilidade nas cenas em que toca seu violoncello.

É o tipo de filme que quem se propõe a assistir vai preparado para se emocionar, mas a película emociona muito menos do que poderia.



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