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PHOENIX


Por Beto Besant
Segundo o dito popular, sexo quando ruim é bom, e quando bom é ótimo. Um dos assuntos mais recorrentes no cinema é o Holocausto Judeu na Segunda Guerra Mundial, e parafraseando o dito popular, quando o filme é ruim, ainda é bom, e quando bom, é ótimo.
O tema foi tão explorado que temos a sensação de que não há mais como ser original, mas frequentemente somos surpreendidos com uma nova e bela história.
Aqui, trata-se da cantora judia Nelly Lenz (Nina Hoss). Durante a Segunda Guerra Mundial ela é presa, mas consegue sobreviver ao campo de concentração com o rosto desfigurado. Passa por uma cirurgia plástica, que lhe deixa com seu rosto modificado. Sua amiga Lene (Nina Kunzendorf) lhe ajuda na recuperação e aconselha a irem morar na Palestina (onde seria criado o estado de Israel), mas a cantora só pensa em reencontrar seu marido Johnny (Ronald Zehrfeld).
Numa trama a la Alfred Hitchcock, seu marido não a reconhece e propõe um plano para que “imite” sua mulher – que pensa ter morrido na guerra – e assim herdarem sua fortuna. Mesmo sabendo que seu marido não é uma pessoa a quem deva confiar, seu jeito charmoso e sedutor faz com que ela entre neste “jogo de gato e rato”.
O diretor Christian Petzold (que assina o roteiro com Harun Farocki) conduz o filme com elegância, sem se deixar cair na armadilha do melodrama. Consegue belas atuações – principalmente do trio central – e uma cena final magistral.
A montagem torna o ritmo um pouco lento, o que ajuda a transmitir a insegurança e medo de seguir à diante da protagonista. O filme ainda conta com bela direção de arte reconstituindo a passagem da década de 40 para 50. O diretor de fotografia Hans Fromm também faz um excelente trabalho.
Apesar de premiado pela crítica no Festival de San Sebastian, pelo júri no Festival do Estoril, Festival de Seattle (Melhor Atriz), Festival do Filme Alemão (Atriz Coadjuvante) e Menção Honrosa no Festival de Cinema de Hong Kong, não é o tipo de filme para entrar para nenhuma lista de melhores filmes nem filmes de cabeceira, mas vale à pena ser visto. Principalmente pela emocionante cena final.
 
 

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Entrevista: MEU PASSADO ME CONDENA 2

Beto Besant entrevista Fábio Porchat, Miá Mello e Júlia Rezende - diretora do filme "Meu Passado me Condena 2".



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POLTERGEIST - o fenômeno


por Tiago Lira


Remakes existem desde que Hollywood é Hollywood. É um método que você pode considerar honesto ou não, mas que também pode se tornar uma porta de entrada para que o público visite – ou revisite – um clássico. E o que Poltergeist: O Fenômeno traz é medo: e não medo de fantasmas ou cemitérios amaldiçoados, mas um grande receio de fazer o retorno ao filme de Tobe Hopper. Ainda que essa sensação com o original esteja errada para alguém que não o vê a anos, a versão atual é competente em vários aspectos, porém falha na principal que é assustar o espectador.

O roteiro assinado por David Lindsay-Abaire não faz questão de se distanciar do original, o que é ao mesmo tempo uma homenagem e um tiro no pé. Inclusive, há uma grande dificuldade em diferenciar uma história da outra se fosse para resumir o roteiro. Faça um exercício mental e tente diferenciar o original de 1982 para essa nova versão. Afinal, qual é a grande diferença entre um e outro, algo que justifique a produção deste? É difícil. Mesmo chegando ao fundo, é uma tarefa ingrata. O que não quer dizer que o filme não tenha bons momentos, mas é aquela mágica que sabemos como funciona e onde estão os espelhos e as fumaças.

Quanto à direção, há uma certa elegância nos movimentos de câmera de Gil Kenan. Ele a usa como um objeto flutuante para indicar a presença de algum logo no fim do primeiro – essa presença maligna – e diferencia o enfoque nos personagens. Quando vemos a interação com os pais, os cortes são mais rápidos, consequentemente há pouco tensão. Já nos filhos, Kenan usa planos longos, e vamos acompanhando as crianças sem saber exatamente o que esperar na próxima virada de um ambiente para o outro. E a tecnologia tem um papel importante para a história atualizada. Nós que hoje não desgrudamos dos smartphones vamos nos identificar com algumas situações. E se você considerar que somos impulsos elétricos, faz todo o sentido a interferência que as almas têm nos aparelhos eletrônicos da casa.

A música de Marc Streitenfeld é usada de modo efetivo e até sutil. Ao invés de estar presente em todos os momentos da trama, ela se firma em momentos sim tensos, mas que ao mesmo tempo não forçam o clima de terror. E de maneira muito interessante, ela tem traços diegéticos. Vejam que nos primeiros tons tocados quando Griffin (Kyle Catllet) começa a explorar a casa sozinho, a música sobe suavemente como se fosse aquele zunido elétrico que você ouve quando liga a TV pela primeira vez. De certo, é um dos melhores pontos do filme.

Durante a projeção, nunca me saiu da cabeça que esse conto de terror – assim como no original – é uma alegoria sobre a alienação que a TV, expandida agora para a tecnologia, pode trazer. Maddy (Kennedi Clements) é sugada para dentro dela por causa disso, e é importante que este tema tenha sido mantido e, de maneira não tão clara, traz uma contestação que era comum tanto nos anos 1980 quanto agora.

O roteiro assinado por Lindsay-Abaire não faz questão de se distanciar do original, o que é ao mesmo tempo uma homenagem e um tiro no pé. Inclusive, há uma grande dificuldade em diferenciar uma história da outra se fosse para resumir o roteiro. Faça um exercício mental e tente diferenciar o original de 1982 para essa nova versão. Afinal, qual é a grande diferença entre um e outro, algo que justifique a produção deste? É difícil. Mesmo chegando ao fundo, é uma tarefa ingrata. O que não quer dizer que o filme não tenha bons momentos, mas é aquela mágica que sabemos como funciona e onde estão os espelhos e as fumaças.

É difícil achar mais pontos positivos na nova versão de Poltergeist: O Fenômeno. Há pelo menos dois momentos horripilantes pela dor que eles podem causar – um envolvendo o pai Eric (Sam Rockwell) e um operador de câmera – e as piadas com o filme original, com o médium Carrigan Burke (Jared Harris) dizendo a clássica frase “essa casa está limpa”, mas em um contexto diferente, e o comentário sobre cemitério indígena, que vale mais para os fãs pegarem a referência. Outros sustos são na base do pulo que vem na cara. E essa nova família não consegue criar nenhuma empatia. O efeito 3D é bem feito, principalmente na viagem ao submundo e até faz sentido narrativamente. Em geral, fica no ar que o propósito do filme é tão inócuo quanto a desnecessária cena entre créditos.


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Entrevista: O VENDEDOR DE PASSADOS

Beto Besant entrevista o cineasta Lula Buarque de Hollanda, diretor do filme O Vendedor de Passados.


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Entrevista: ENTRE ABELHAS

Beto Besant entrevista os atores Fábio Porchat, Marcos Veras, Luis Lobianco e o diretor Ian SBF - do filme "Entre Abelhas".


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Entrevista: PONTE AÉREA

Beto Besant entrevista os atores Caio Blat, Felipe Camargo, Silvio Guindane, Letícia Colin e a diretora Júlia Rezende - do filme "Ponte Aérea".



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Entrevista: LOUCAS PRA CASAR

Beto Besant entrevista as atrizes Ingrid Guimarães, Tatá Werneck, Fabiana Karla e Suzana Pires, além do roteirista Marcelo Saback - do filme Loucas pra Casar.



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O JOGO DA IMITAÇÃO (The Imitation Game)


por Beto Besant

O cinema sempre gostou de abordar o tema Segunda Guerra Mundial e, após tantos filmes produzidos sobre o assunto, busca-se cada vez mais contar algum fato ainda desconhecido.


Em O Jogo da Imitação, o cineasta norueguês Morten Tyldum (Headhunters) apresenta a história de Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um inglês de QI elevadíssimo que, durante a Segunda Guerra Mundial, é contratado para decifrar os códigos utilizados pelos nazistas. Apesar de homossexual, se casa com sua melhor amiga Joan Clarke (Keira Knightley) e cria uma máquina - que daria origem aos computadores - capaz de descobrir o segredo nazista, alterado diariamente. 

Vivendo numa época em que homossexualidade era considerada crime, Alan Turing sofre toda forma de pressão para reprimir sua sexualidade, incluindo tratamentos hormonais. Mesmo conseguindo abreviar a guerra em alguns anos e salvando a vida de milhares de pessoas, sua história manteve-se em segredo por cinquenta anos, pois não admitiriam um herói homossexual.

Escrito pelo estreante em longa-metragem Graham Moore o filme não escapa de diversos clichês, como o gênio que não tem a mínima habilidade de relacionamento interpessoal, a mocinha independente e à frente de sua época (para a alegria das feministas), o protagonista que é colocado numa situação limite e todos se unem em sua defesa, etc. E mesmo com clichês, o roteiro não constrói um arco dramático (o desenvolvimento a história) que possibilite que essa atitude dos colegas do protagonista seja verossímil.

Por outro lado, a montagem acerta ao contar a história em três épocas paralelas: infância, período de guerra e pós-guerra. Além disso, a montagem sabiamente coloca imagens reais da guerra no decorrer do filme. O Jogo da Imitação tem bela direção de arte e grandes atuações - principalmente do casal central: Cumberbatch e Knightley.

O filme tem como subtexto a questão ética, uma vez que - ao decifrarem o código - precisam decidir qual o melhor momento de usar deste conhecimento, implicando em escolher quem será salvo e quem morrerá no confronto.

O filme parte de um bom argumento - embasado numa história real, mas infelizmente a trama perde na inexperiência do roteirista e do diretor. Não é um filme que se mantém na nossa mente por vários dias, mas merece ser visto e sua história conhecida.



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A TEORIA DE TUDO (The Theory of Everything)


por Tiago Paes de Lira

O tom de A Teoria de Tudo é, em grande parte, acertado. É a biografia de um dos maiores físicos teóricos da história mas também é um romance, uma visão simplificada de um gênio. E ainda assim, eficiente numa direção firme e com atuações excelentes. E apesar da produção centrar na parte de um homem que era muito mais do que foi retratado, a história agrada ao discursar tanto sobre a física do amor, quanto ao amor à física.

A cinebiografia acompanha Stephen Hawking (Eddie Redmayne) durante seus estudos sobre o tempo e como conheceu sua primeira esposa, Jane Wilde (Felicity Jones). Os dois enfrentam a grave doença do astrofísico que, mesmo preso às limitações de seu corpo, levantou algumas das mais extraordinárias teorias sobre a origem do universo.

Por ser baseado num livro escrito pela própria Jane, é compreensível que a história se concentre menos nas descobertas de Stephen e mais na relação dos dois. E há uma leve tendência para o lado da personagem, apesar do diretor não isentá-la de culpa, ainda que sutilmente. Portanto, não espere longas discussões sobre as teorias e teses do físico. Apesar de elas existirem, a atmosfera é mais leve em geral.

Então, enquanto há momentos para marcar grandes momentos da carreira dele – o desenvolvimento das teorias, a discussão sobre o Cygnus X-1, o lançamento do livro Uma Breve História do Tempo – existem outros mais romantizados (e não necessariamente românticos). O primeiro beijo dele e de Jane acontece numa ponte, onde a câmera segue num plongée suave; o desaparecimento das pessoas em volta na cena em Stephen recebe o diagnóstico de um médico; o inferno particular na fotografia avermelhada em que o físico se encontra acompanhado da terrível televisão – logo ele, vindo de uma família que tinha costume de levar livros à mesa de jantar; ou ainda a vitória que é cada ano que se passa, marcado pelo nascimento de cada um dos filhos dos dois.

É interessante perceber também como o cenário ganha personalidade nas mãos do diretor. Junto do diretor de fotografia Benoît Delhomme, Marsh usa de luzes diferenciadas para apresentar Jane para a audiência e para Stephen pela primeira vez. E há vários planos em que vemos as coisas escondidas por janelas fumês ou cortinas, como uma deficiência imposta ao espectador que irá se refletir nas limitações futuras do físico. E há algo de Pi (de Darren Aronofsky, 1998) quando o diretor coloca no encalço de Stephen a espiral: no desenho básico da teoria dos buracos negros, no café com leite que ele toma no trem, na dança explicativa dele com Jane e na escada que leva ao quarto na universidade. Tudo numa metáfora visual que traduz a busca desse gênio.

Curtamente abordada na história, há um leve embate entre ciência e religião. Stephen se declara ateu desde o começo para Jane, que é uma católica praticante. E o diretor fez bem em não esconder a decisão dela, ainda que sutilmente, de trair o marido com Jonathan (Charlie Cox). Em uma cena no meio da noite, num acampamento, ela chama pelo amigo depois de deixar os filhos dormindo e não fazer barulho para deixa-los dormindo. Apesar de ser bem sutil, é óbvio que há uma crítica na pessoa que abraçou uma fé que proíbe terminantemente a relação extraconjugal. Isso é, porém, uma crítica à instituição da fé, e não da pessoa Jane. Algo que o diretor reforça ao desenhar uma cruz invertida no pescoço de Stephen na operação da traqueia.


O que vemos durante a história de A Teoria de Tudo é uma lição de como se dar e aceitar as coisas como são e, apesar disso, ir em frente. É uma lição simples, tantas vezes explorada na literatura e no cinema, mas que continua sendo verdadeira. Ainda que a maioria de nós não entenda o que se passa na mente desse homem extraordinário, a leveza das palavras e das ações do físico servem de inspiração. Em uma das suas palestras, Stephen Hawking diz “onde há vida, há esperança”. Sábias palavras para ecoar no filme e na mente dos espectadores.


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Entrevista: A NOITE DA VIRADA

Beto Besant entrevista o diretor Fábio Mendonça e os atores João Vicente de Castro, Luana Martau e Paulo Tiefenthaler, do filme A Noite da Virada.



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Entrevista: IRMÃ DULCE

Beto Besant entrevista o diretor Vicente Amorim e os atores Regina Braga, Bianca Comparato, Malu Valle e Amaurih Oliveira - do filme "Irmã Dulce".


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SÉTIMO (Septimo)

por Tiago Paes de Lira

A trama de Sétimo é assustadora para qualquer pai. E a tensão por se passar em espaços confinados e relativamente conhecidos preocupa mais ainda a busca ao parecer tudo muito improvável ou, ainda, impossível. A trama se desenvolve com alguns bons momentos e com boas atuações. Porém, em algum momento perde-se o interesse inicial e o que temos é mais uma história que ficará num limbo, num sentimento de filme mediano, mas que não desperta a vontade de revê-lo a curto – sequer médio – prazo.

Sebastián (Ricardo Darin) é um advogado que está para se separar de Delia (Belén Rueda). Já vivendo assim, ele se encarrega de levar os dois filhos à escola. O pai entra em desespero quando descobre que seus filhos desapareceram enquanto desciam as escadas do sétimo andar até o térreo.

O roteirista e diretor Patxi Amezcua faz uma desconstrução interessante do personagem. Um advogado que, ao menos no storytelling, deveria ser equilibrado e justo é acusado de trabalhar somente para corruptos e delinquentes. E os questionamentos que a audiência faz demoram em acontecer com o protagonista. Enquanto vamos assistindo, aos poucos as possibilidades passam por nossa cabeça: um sujeito estranho que Sebastián cruzou no elevador, o caso recente que está cuidando, o porteiro que seria o único a ter acesso aos filhos antes dele. Uma desculpa é que naquela tensão, nem mesmo as perguntas mais óbvias passavam pela cabeça dele. Se isso serve, vai de cada cabeça.

O espaço confinado do elevador e do prédio de poucos andares funciona para aumentar a tensão e levanta outra questão que se reflete no final do filme: quanto se conhece a pessoa que está do seu lado? Sebastián interpela todos os seus vizinhos, e nenhum se dispõe a ajudar, a não ser o delegado Rosales (Osvaldo Santoro). Ainda assim, a paranoia e o medo do pai se espalham o que o faz desconfiar de quase todos, o que também tira seu foco.

É importante sempre fazer perguntas num filme de suspense. Em primeiro lugar, quem lucra? Em segundo, como poderiam pessoas desaparecer num lugar desses sem que se passasse pela porta da frente? Ao apresentar as respostas, o filme mostra mais furos do que uma situação sólida necessária. Funciona por uns poucos momentos para depois entrar em colapso dentro de si mesmo.

Sétimo tem alguns momentos interessantes, como notamos quando a fotografia do apartamento onde as crianças moram está iluminado enquanto eles ainda estão lá, e depois do sumiço delas, o lugar perde o brilho, dizendo que elas eram a luz daquele lugar. Com pouca afetividade, vai ser considerada uma obra menor de Ricardo Darín – e do excelente cinema argentino –, ainda que valha ser assistido simplesmente por sua presença, um ator que carrega uma aura de quase herói de ação – ou seja, não mexam com ele.

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Entrevista: BOA SORTE



Beto Besant entrevista a diretora Carolina Jabor, o roteirista Jorge Furtado e os atores Deborah Secco e João Pedro Zappa, do filme Boa Sorte.

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Entrevista: TRINTA

Beto Besant entrevista o ator Matheus Nachtergaele e o diretor Paulo Machline - do filme TRINTA.


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Coletiva de imprensa: MADE IN CHINA


por Beto Besant

No último dia 29 de outubro aconteceu na cidade de São Paulo a Coletiva de Imprensa do filme MADE IN CHINA.
Estavam presentes o roteirista e diretor Estevão Ciavatta, a atriz Regina Casé, o músico e ator Xande de Pilares, a atriz Juliana Alves, o ator Luis Lobianco e o produtor Pedro Buarque de Hollanda.

O filme conta a história de Francis (Regina Casé), uma funcionária da loja do Seu Nazir (Otávio Augusto) que resolve descobrir por que os chineses - que há pouco passaram a fazer parte dos comércios da popular rua do Saara - vendem produtos a preços tão baixos. Para que o plano dê certo, conta com a ajuda do seu namorado Carlos Eduardo (Xande de Pilares) e da sua colega Andressa (Juliana Alves).

Ciavatta conta que a ideia surgiu por querer bordar a convivência pacífica entre árabes e judeus no Saara. Conforme foram conhecendo melhor a rua, perceberam a "invasão" dos chineses, e achou que isso deveria fazer parte do filme.

Regina Casé elogiou a direção de arte: "Eu sou o tipo de atriz que gosta de atuar no lugar real, então achava que não conseguiria atuar num estúdio. Mas o cenário era tão perfeito e detalhista que no segundo dia já tinha me esquecido que não era no Saara de verdade".
Casé e seu marido Ciavatta contam que a intensão era fazer uma comédia leve e para toda a família.

Luís Lobianco, que interpreta Perê - filho do Seu Nazir, conta sempre frequentou o Saara para compor seus figurinos como ator de teatro, com isso, tinha bastante conhecimento para "defender" o personagem.

Uma surpresa foi a participação de Xande de Pilares, cantor e compositor do grupo de samba Revelação: "Eu sou sambista, quando surgiu esse personagem eu procurei trazer minha infância, trazer o samba, e ouvir muito as pessoas. E gostei tanto que vou estudar mais a profissão".

Realmente o desempenho do músico surpreende pela naturalidade. 
Escrito por Ciavatta, o filme parte de uma premissa interessante, mas peca por não se aprofundar nos temas e se perder entre clichês e piadas bobas e vazias. É o tipo de filma que não se justifica ir para as salas de cinema, porque nada mais é do que mais um daqueles programas especiais de fim de ano, e certamente terá este destino em breve.




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Entrevista: TIM MAIA - o filme

Beto Besant conversa com os atores Babu Santana e Robson Nunes, protagonistas de Tim Maia - o filme.


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O JUIZ (The Judge)


por Beto Besant

Apresentado como um "filme de tribunal", O Juiz tem um subtexto muito mais profundo e maduro.

Na trama, Hank Palmer (Robert Downey Jr) interpreta o típico advogado bem sucedido e sem escrúpulos, rico e casado com  uma bela mulher. Ao ser informado da morte de sua mãe, volta à cidade natal para participar do funeral, reencontrando seus dois irmãos (Vincent D'Onofrio e Jeremy Strong) e seu pai Joseph Palmer (Robert Duvall), com quem não mantém nenhum relacionamento. O velho Palmer é um juiz "à moda antiga", daqueles que levam a justiça à últimas consequências - no melhor sentido.

A volta traz à tona o passado do advogado, com os problemas pessoais de seus irmãos e o reencontro com sua ex-namorada Samantha (Vera Farmiga).

Sendo pai e filho pessoas diametralmente opostas, Hank se põe o mais rápido possível num avião para voltar à sua rotina, mas é informado que seu pai se envolveu em séria confusões por conta de um atropelamento que nega-se a admitir.

É aí que entra em jogo a questão mais importante e sutil do filme: tentando aproveitar cada minuto com a pessoa que mais ama - e que não consegue manter um simples diálogo sem terminar em discussão, o filho tenta perceber em que momento pai e filho se afastaram emocionalmente.

Produzido pela Team Downey - de Downey Jr e sua mulher Susan Downey, tem uma estrutura clássica com claros pontos de virada na trama. O que poderia ser uma limitação se mostra eficiente para dar suporte a este verdadeiro "filme de ator". Mais do que um filme de tribunal, um filme de família ou um filme de volta às origens, O Juiz aborda com delicadeza o sentimento de perda iminente de filho para pai. Talvez seja um tema que seja mais sensível aos que possuem maior experiência de vida - não necessariamente os mais velhos.

O roteiro é do estreante Bill Dubuque com Nick Schenk (Gran Torino) e peca no excesso de tramas, como o passado de atleta do irmão mais velho de Hank, sua quase retomada do romance juvenil e a suspeita de incesto.



Dirigido por David Dobkin (de Penetras Bons de BicoBater ou Correr em Londres e Eu Queria ter a sua Vida), acerta em não tentar fazer exercício de estilo, deixando o filme ser conduzido pelos protagonistas Duvall e Downey Jr. É o típico filme de ator, onde Duvall dá um show de interpretação, ofuscando até o excelente parceiro. O filme trás ainda uma bela participação de Billy Bob Thornton como promotor obcecado.

A montagem erra ao se alongar para arrematar as diversas (e dispensáveis) tramas, levando a película a duas horas e quarenta minutos.

Se o filme tem alguns excessos, é certamente uma boa opção em épocas onde se busca o público de forma acomodada com histórias de super-herói ou recorre-se a efeitos especiais para suprir a falta de bons roteiros.



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THRASH - A esperança vem do lixo


por Eduardo Oliva

Trash talvez seja um dos filmes brasileiros mais forçados que já assisti nos últimos anos. Em se tratando de favela movie, é uma carona requentada – para gringo sambar e contemplar – de sucessos vanguardistas que vem lá de Rio 40º (do cineasta Nelson Pereira dos Santos), passa por Cidade de Deus (com a participação especial de Zé Pequeno - Leandro Firmino da Hora, um pouco mais acima do peso), e aterrissa nas participações sem sintonia de Martin Sheen e Rooney Mara.


Produzido pela O2 Filmes (de Fernando Meirelles) e dirigido por Stephen Daldry (As Horas, Billy Eliot), Trash é uma coprodução de Brasil, Inglaterra e Alemanha. O longa já começa com uma cena de perseguição envolvendo o personagem de Wagner Moura (José Ângelo) para logo em seguida desencadear numa série de acontecimentos envolvendo o seu paradeiro. No meio deste jogo, somos apresentados a um policial corrupto (Frederico, interpretado por Selton Melo) e a três meninos sobreviventes de um lixão, especialmente construído para o filme.

Raphael, Gardo e Rato são o fio condutor do roteiro, escrito por Felipe Braga e Richard Curtis a partir do livro de Andy Mulligan. É curioso como a estética da favela, os sotaques cariocas e o jeito malandro típicos da ambientação do Rio de Janeiro caem no lugar comum sem trazer, absolutamente, nada de novo à narrativa. O Cristo Redentor aparece discretamente, bem como o Pão de Açucar.

Durante a exibição deste esquecível slum movie, me vieram à mente, várias vezes, cenas de Quem Quer Ser Um Milionário?, de  Danny Boyle, e Capitães da Areia – o livro. O primeiro, pelo cartaz oficial do filme com a chuva de cédulas, o contexto religioso e a personificação de uma personagem que surge como uma Santa Deus Ex Machina. O segundo, pela amizade e cumplicidade de meninos pobres que agem como anjos justiceiros diante da opressão dos adultos (aqui representada pela Polícia).

Qualquer que seja a análise que se faça de Trash, a sensação que fica é a de um longa confuso, raso, com situações e conflitos inverossímeis – as perseguições entre o trio de crianças e os policiais são sofríveis –, interpretações maniqueístas e sussurrantes (Selton Mello não convence como vilão), além de um jogo gato & rato que funciona mais como videogame, e menos como filme.

Apesar da narrativa de retalhos, Trash deve fazer carreira internacional e conquistar premiações. Acontece que santo de casa conhece bem mais os seus fiéis e, consequentemente, os seus pecados. Prova disso é o brilhante discurso de longas como Tropa de Elite 2, de José Padilha. A mensagem do Capitão Nascimento sobre a confraria do Congresso Nacional é algo que toca o espectador ao final do filme, o que não se pode dizer deste.


O ingresso vale pela trilha-musical, uma ótima opção para balada de festa americana entre amigos, em algum apartamento de classe média brasileira. Quem dá mais? 


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LIBERTEM ANGELA DAVIS (Free Angela & all political prisoners)


por Beto Besant

Ao nos deparar com um documentário como este, ficamos pensando por qual motivo documentários vão tão mal de bilheteria no país.

Dirigido por Shola Lynch e produzido por Will Smith e sua mulher, o filme conta uma história tão pouco conhecida em terras tupiniquins: Angela Davis, uma professora negra norte-americana, dona de um carisma arrebatador e discurso muito bem articulado, que decide dedicar sua vida na luta pelos direitos dos negros, provocando a ira do governo vigente.

O filme alterna depoimentos atuais de Angela e outros envolvidos com imagens e reportagens de época. Os fatos contam ainda com pequenas reconstituições para dar mais dinamismo ao filme.

A biografada conta que chegou a se relacionar com os Panteras Negras (grupo radical de luta pelos direitos dos negros) mas logo percebeu que aquele não era seu lugar, pois o machismo impediria que ela tivesse total liberdade de pensamento e atuação.

Ao se destacar em sua militância, Davis passa a receber ameaças de morte diariamente, vindo a comprar uma arma. Apaixona-se por um presidiário e logo uma tentativa de libertá-lo produz quatro mortes, onde são encontradas armas registradas em seu nome. Com isso é processada com pedido de três penas de morte.
Dessa forma acompanhamos desde a rotina de sua fuga até seus dias de prisão e julgamento.


Apesar de Angela Davis não ter o "padrão de beleza" de nenhuma modelo - ostentando uma enorme cabeleira black power e dentes afastados, ao aliar um belo e contundente discurso com um corpo esbelto e bem torneado, dá para termos a noção de quanto sua figura emblemática cativava as pessoas e incomodava o governo daquele tempo. Fica patente o objetivo de Richard Nixon (presidente), Ronald Reagan (governador) e o lendário Edgar Hoover (líder do FBI) de se livrarem dela.

Mesmo com as restrições que documentários enfrentam, este é um exemplo de uma bela trama, com elementos de policiais com suspense. Numa época em que jovens sem nenhuma consciência política vão às ruas apenas por modismo e líderes de movimentos os utilizamo apenas como trampolim para uma carreira política, é muito bom assistir a esse tipo de história verídica.

Lamentavelmente, como dito no início deste texto, pouquíssimas pessoas se sujeitarão a assistir a este belo filme.



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Cinema Grego atual: MISS VIOLENCE e METEORA



por Antonio Carlos Egypto

É fato sabido que as crises econômicas, os regimes políticos totalitários, a censura, as guerras, estimulam a criatividade artística. Grandes expressões da arte resultaram de momentos de crise, em sentido coletivo, mas, também, individual. Crises existenciais são geradoras de grandes obras. Já que a crise é também oportunidade de rever, repensar, ressignificar, buscar alternativas, o que se poderia esperar da produção cinematográfica do país que foi mais abalado, na comunidade europeia, pela crise do euro?

A Grécia está representada no circuito exibidor com dois filmes que merecem ser vistos e que se vinculam a uma expressiva produção atual, como ficou evidente na 37ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2013, com títulos colhidos nos festivais pelo mundo. Uma presença bem mais significativa do que habitualmente acontecia no evento paulistano. O cinema grego apareceu com força e qualidade.


MISS VIOLENCE. Grécia, 2013. Direção: Alexandros Avranas. Com Themis Panou, Reni Pittaki, Eleni Roussinou. 98 min.

O melhor dos filmes gregos exibidos, para mim, foi Miss Violence, segundo longa-metragem dirigido por Alexandros Avranas, vencedor do Leão de Prata de direção e melhor ator em Veneza. O filme, corajosamente, expõe a violência, o abuso e a prostituição forçada das mulheres de uma família, em suas várias gerações, e todas as consequências trágicas que daí resultam, com total realismo e procurando produzir suspense. A crise está presente no desemprego e na dificuldade de sobreviver que agravam o quadro ou, por outro lado, servem para tentar justificar ou validar a monstruosidade apresentada.

Outra leitura é possível, alegórica da situação, se olharmos para a família como representante da sociedade como um todo. A carência alimenta a opressão, o estupro, a exploração das pessoas e da mãe-pátria. Também faz sentido. E uma coisa não exclui a outra. Ao tratar do tema da exploração sexual da mulher, o contexto subjacente é o da crise social e moral em que se vive na sociedade grega atual. Mais difícil de aceitar é a visão de uma patologia individual determinando os fatos. Há um eloquente sentido de opressão coletiva, que se evidencia no desenrolar da trama e nas interpretações do elenco.




METEORA. Grécia, 2012. Direção: Spiros Stathoulopoulos. Com Theo Alexander, Tamila Koulieva. 81 min.

Outro belo filme grego que pude ver naquela Mostra refere-se a uma outra dimensão. Meteora vai em busca de monastérios ortodoxos situados acima de pilares de arenito, suspensos entre o céu e a terra, conforme explica a sinopse que consta do catálogo da Mostra. Aqui, o que se vai viver é a relação entre a fé, o afeto e o desejo sexual humanos, presentes nas figuras de um casal de religiosos. Mesmo separados em duas montanhas de pedras diferentes, uma para cada sexo, e uma escadaria interminável para galgá-las, haverá modos de se encontrar e viver essa história de amor.

Meteora é o segundo longa do diretor Spiros Stathoupoulos. É o filme mais bonito visualmente dessa leva de gregos. Tem locações belíssimas, um clima que o situa fora do mundo real e uma muito eficiente atuação do desenho de animação, que se insere ao longo de toda a trama, pontuando o imaginário, o temido e o desejado. O fato de se distanciar tanto da realidade atual da Grécia não significa, no entanto, que não dialogue com ela. A busca da beleza, do amor e da fé, não deixa de ser um caminho alternativo, idealizado, quando o mundo real parece tão duro de enfrentar.

Os filmes gregos de novos diretores mostram que está germinando um novo cinema por lá. Ninguém espere a sofisticação e a estética maravilhosa do mestre grego do cinema, Theo Angelopoulos (1936—2012), é claro. Mas nem é possível, mesmo, exigir tanto de jovens cineastas. Que o cinema grego atual mostra talento, não há dúvida. Isso é muito promissor.


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