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GONZAGA - De Pai pra Filho


por Beto Besant
 
Aconteceu nesta terça-feira 16 de outubro, a exibição seguida de coletiva de imprensa do filme Gonzaga - de Pai pra Filho, no Shopping Eldorado, em São Paulo/SP. Estavam presentes: roteirista, diretor, produtoras e elenco principal.
 
O filme conta a história do sanfoneiro da cidade de Exú, no interior de Pernambuco, que mais tarde ficou conhecido como "rei do Baião" e sua conturbada relação com seu filho Gonzaguinha. Com a morte de sua mãe, Gonzaguinha foi criado por um casal amigo de seu pai. A relação entre pai e filho manteve-se distante até a década de 80, quando finalmente se aproximaram e fizeram juntos uma série de shows.
 
Breno Silveira
Apesar de ser um melodrama, gênero assumidamente preferido pelo diretor Breno Silveira, é um belo filme, muito bem escrito e dirigido. A opção por iniciar o filme com Gonzaguinha pensando em seu pai e recebendo o recado de que este quer lhe falar, desperta a curiosidade no público em saber o que acontece entre eles.
 
Mais uma vez Breno se junta à sua roteirista Patrícia Andrade, e fazem uma parceria muito afinada. Ambos sabem muito bem como contar um drama familiar e nota-se a sintonia de um produzir o que o outro espera.

A produtora Márcia Braga diz: "A história começou quando o Daniel Gonzaga (filho de Gonzaguinha) me entregou fitas onde haviam entrevistas que seu pai havia gravado com seu avô, e disse que queria conhecer a história do pai".

Com isso procurou o diretor, que percebeu que o filme deveria ser sobre a relação entre pai e filho, e não apenas sobre o filho.

Chambinho do Acordeon
O maior trunfo do filme é a escolha do elenco. Luiz Gonzaga é interpretado por Land Vieira, Chambinho do Acordeon e Adélio Lima, de acordo com a idade. O músico Chambinho do Acordeon interpreta o Rei do Baião em sua fase áurea, e além de cantar e tocar, tem um carisma impressionante.
 
O elenco tem outras grandes atuações, como Sílvia Buarque, Luciano Quirino, Nanda Costa e Cláudio Jaborandy. João Miguel e Domingos Montagner fazem participações especiais primorosas.

A preparação para interpretar o papel foi feita por Sérgio Penna (favorito em nove a cada dez atores) e consegue um bom resultado após uma seleção entre dez mil inscritos. Chambinho conta que após os testes foi até o museu de Luiz Gonzaga, enquanto fazia suas orações recebeu um telefonema informando que havia sido escolhido para o papel.
 
Júlio Andrade
O leitor deve ter percebido que ainda não mencionei o ator que interpreta Gonzaguinha, que pode-se dizer que é verdadeiramente o protagonista do filme, mesmo tendo menos cenas. O que acontece é que o ator Júlio Andrade, um dos poucos atores "camaleônicos" do cinema nacional, faz uma interpretação que mais pode ser chamada de "incorporação", como disse Breno Silveira. Sua atuação é magistral, e faz com que tenhamos a sensação de estar assistindo a um documentário com o próprio Gonzaguinha. Quem lembra do biografado ficará impressionado com a transformação do ator, que não só atua com perfeição, como ainda toca violão e canta com timbre semelhante ao de Gonzaguinha.

Land Vieira e Sílvia Buarque
O diretor conta que após dois anos para encontrar quem interpretaria Luiz Gonzaga, pois não abria mão de ter os atores principais antes de começar a produção, recebeu como segundo candidato ao teste para Gonzaguinha o ator Júlio Andrade, que não foi reconhecido por chegar já caracterizado e perguntando se poderia fumar, acendendo o cigarro com os trejeitos do personagem. Em seguida perguntou se poderia cantar. Breno diz: "Neste momento pensei, só falta atuar!"
Após alguns minutos, Breno mandou dispensar todos os outros candidatos, pois já tinha o ator.
 
"Eu crescí ouvindo Gonzaguinha porque meu pai é muito fã dele. Quando ele foi assistir ao filme disse que não estava acreditando que eu tinha feito o papel" - conta Júlio.


 
A direção de fotografia é do competentíssimo Adrian Teijido. A direção de arte de Cláudio Amaral Peixoto é boa, mas dá pequenas "escorregadas", como na cena em que Gonzaguinha dirige uma Brasília do Sudeste para o Nordeste, e o carro chega na casa de seu pai nem nenhuma poeira. Mas isso não compromete.
Como um bom melodrama, às vezes a trilha-sonora é exagerada, mas nada que impeça de se desfrutar dessa bela história real. A montagem optou por acrescentar imagens reais durante todo o filme, o que normalmente se evita para não "lembrar" o público que se trata de um filme. De qualquer forma, o elenco está tão bem que a mim não incomoda.
 
Outra virtude do roteiro e direção foi não quererem "endeusar" os personagens, apresentando-os com suas virtudes e defeitos. O que dá profundidade e deixa que o público reflita sobre as fortes personalidades mostradas.

O filme entra em cartaz na mesma época de lançamento de grandes "blockbusters". Como disse Breno Silveira: "Vamos brigar com James Bond e os vampiros do Crepúsculo". Vamos torcer para que o filme tenha uma grande bilheteria, pois merece o reconhecimento.

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