por Beto Besant
Fergus (Mark Womack) tem em Frankie (John Bishop) seu grande amigo, uma amizade tão forte que está acima de qualquer outra pessoa da vida de ambos. Fergus convence o amigo a trabalhar com ele como segurança privado na rota que já foi considerada mais perigosa do mundo, apelidada de Rota Irlandesa. A rota liga o Aeroporto de Bagdá a uma região conhecida como Zona Verde, hoje Zona Internacional.
Frankie morre, fazendo com que Fergus faça sua própria investigação sobre o que realmente teria ocorrido.
A única "pista" é uma filmagem da morte feita com um aparelho celular onde funcionários da empresa onde os amigos trabalhavam executa uma família em um taxi. A revolta de Frankie e posteriormente sua morte faz com que Fergus desconfie da versão oficial da morte.
Conforme as investigações avançam, vai percebendo que Frankie criou mais inimigos do que apenas iraquianos, e como os interesses financeiros estão acima de qualquer escrúpulo.
Rachel (Andrea Lowe) é a viúva de Frankie, que culpa o amigo de seu marido pela morte. Aos poucos, um vai identificando no outro algo como que um resquício de Frankie, uma forma de se aproximar dele.
O filme é dirigido pelo premiado inglês Ken Loach, conhecido por denunciar as mazelas sociais, e mostra uma realidade atual que incomoda tanto a americanos quanto a iraquianos, denunciando a privatização da ocupação do Iraque pelos Estados Unidos, e como muita sujeira é varrida para debaixo do tapete em nome de não se diminuir os lucros.
Rota Irlandesa aborda paralelamente até que ponto a regra "olho por olho, dente por dente" é válida, e como isso pode levar a consequências imprevisíveis. O desafecho da trama é surpreendente e vale a espera.
Loach encontra uma forma muito interessante de apresentar o roteiro de Paul Laverty, conduzindo os atores de forma que eles nunca saibam exatamente o que vai acontecer. Vai entregando o roteiro passo a passo e às vezes apenas um deles sabe o que deve fazer, cabendo aos outros apenas improvisarem.
O resultado é um filme com ótimas interpretações, que toca num tema contemporâneo importantíssimo. A montagem é ágil, e segura o espectador com facilidade. Os diálogos são bem interessantes e o roteiro apresenta um personagem humano em sua passagem por uma experiência marcante sem precedentes. E por consequência todos os altos e baixos de suas atitudes.
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