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A PARTE DOS ANJOS (The Angel's Share)

 
 
por Beto Besant
 
Um grupo de jovens delinquentes é condenado a prestar serviços comunitários na cidade de Glasgow (Escócia). Dentre eles, Robbie (Paul Branningan), um jovem sempre envolvido em brigas e uso de drogas que, ao saber da gravidez de sua namorada, decide mudar sua história para criar seu filho longe das confusões a que está habituado. Por ser de uma família desestruturada, onde seu pai brigava com o pai de seu maior rival, ninguém acredita que possa sair dessa vida, e seu sogro tenta de todas as formas convencê-lo a largar sua namorada e mudar-se para Londres.
 
Por sorte, Henri (John Henshaw), o educador responsável, é um apaixonado por whisky e acaba descobrindo em Robbie um enorme talento para a degustação da bebida.
 
Dirigido pelo inglês Ken Loach, o filme mantém seu estilo, sempre político e ligado às questões sociais. A grande diferença é que neste caso Loach procurou uma forma divertida para apresentar a trama. Mesmo sendo um drama social, o filme vem com uma "roupagem" de comédia, despertando boas gargalhadas da plateia. O único momento em que o diretor "perde a mão" é quando insiste com a piada do jovem que se machuca ao andar de kilt (aquelas "saias" escocesas), o tipo da piada que tem graça uma vez, mas ao voltar no assunto por mais duas vezes se torna chato.
 
 
 
Com um elenco formado por atores e não-atores, Loach consegue um resultado incrível, através de seus métodos de improvisação, onde muitas vezes só um dos atores sabe o que irá acontecer na cena, fazendo com que todos os outros tenham que agir da forma mais espontânea possível. O resultado é um filme divertido, com momentos de emoção, e o drama como "pano de fundo". O elenco tem entrosamento e consegue com que o público "compre" a história.
 
É um belo filme, que nos deixa sair da sala de cinema com uma sensação mista de leveza e emoção.  Ganhou o Prêmio do Juri no Festival de Cannes deste ano.
 
O título refere-se a uma pequena quantidade de whisky que desaparece dos barris toda vez que são abertos. Para esta fração se diz que é A Parte dos Anjos. Comparando-se com a atual safra cinematográfica, pode-se dizer que este filme é a parte dos anjos da cinematografia contemporânea.
 
 

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