Em tempos de Copa do Mundo, quando nos deparamos com um filme intitulado Setenta, logo pensamos na lendária taça vencida por Pelé e companhia no auge da ditadura militar brasileira. Porém, o título faz referência aos setenta presos políticos libertos em troca do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher - sequestrado pelo VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) no ano de 1970.
Todos foram levados num avião até o Chile socialista de Salvador Allende, porém logo tiveram que fugir, após a invasão americana e o golpe militar liderado por Pinochet.
Todos foram levados num avião até o Chile socialista de Salvador Allende, porém logo tiveram que fugir, após a invasão americana e o golpe militar liderado por Pinochet.
Dirigido pela estreante e ex-presa política Emília Silveira, o documentário segue uma narrativa tradicional, mesclando entrevistas com fotos de época e filmes que abordam o tema. A virtude neste caso foi a opção da cineasta em se concentrar nas histórias pessoas dos libertos na ação. É interessante ver que hoje, já na terceira idade, eles mesmos se surpreendem de como eram engajados e destemidos, e como não tinham noção dos riscos que corriam.
Momentos dramáticos - como o depoimento do homem se refugiou com sua mulher na Alemanha após a prisão, mas não suportando os traumas sofridos, atirando-se na frente de um trem, são intercalados com momentos divertidos, como aquele em que o entrevistado ri ao lembrar-se da péssima qualidade dos documentos falsificados, e mesmo assim conseguiam fazer viagens internacionais com eles.
Setenta é mais um ângulo de fatos sangrentos de nossa história e que podem gerar mais uma infinidade de filmes. Conta a história de pessoas - ao contrário dos jogadores de futebol, que literalmente lutaram pelo país e saíram derrotadas.
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