por Leonardo Granado
O paranormal John Clancy (Anthony Hopkins) é chamado pelo FBI quando dois agentes - Joe Merriwether (Jeffrey Dean Morgan) e Katherine Cowles (Abbie Cornish) - se veem diante de um serial killer que não deixa nenhuma pista (salvo as que ele escolhe deixar). No decorrer da investigação o trio se vê diante de uma nada grata surpresa: o assassino também é paranormal. E é um paranormal mais talentoso que o novo aliado do FBI. Ou seja : Fo deu
Confesso que sou o tipo de cara que vai ver um filme apostando no trabalho de um ator ou atriz que eu goste, ou então um diretor. E claro que como bom cinéfilo eu pago um pau pro Anthony Hopkins. O nosso eterno Hannibal Lecter/Odin é aquele tipo de ator que mesmo atuando no automático já apresenta um desempenho acima da média. E nesse filme, não é excessão. Ele tá no automático, mas porra cara, é o Hopkins, he fucking earned! O filme é dele (literalmente, uma vez que ele também é um dos produtores executivos), pra ele, o personagem dele é o de maior destaque, mas não espere a melhor atuação dele, nem de longe. Em contraponto, o seu personagem é um tipo bem interessante de se acompanhar e torcer: um herói sofrido, atormentado pelo seu dom e pela morte prematura da sua filha. John Clancy é desses personagens de várias camadas que só um bom ator como o Hopkins poderia interpretar com tamanha naturalidade. Legal acompanhar as camadas do personagem se desvendando em sutilezas pra gente, por sinal a última camada na última cena foi a mais dahora.
Outros dois destaques do elenco são os atores que fecham o trio que caça o assassino: o talentosíssimo Jeffrey Dean Morgan (o "comediante" do filme Watchmen) e também a boa atriz Abbie Cornish (fez Robocop do Padilha e também aquele filme Sem Limites, em ambos os casos ela interpretou o par romântico dos protagonistas). São dois atores que eu gosto, mas que aparecem em poucas produções. Eu chamo isso de "ser mal aproveitado por Hollywood" uma vez que são bonitos, talentosos e carismáticos, mas aparecem em poucos filmes. Talvez o jogo mude pro Jeffrey uma vez que ele vai interpretar O vilão nessa sexta temporada de The Walking Dead. Bora torcer pra ele ganhar mais visibilidade e novos papeis depois dessa série.
Por último no elenco temos o assassino, mas eu deixei por último porque pra mim não tem essa de "at last, but not least": Collin Farrell (Miami Vice, Demolidor da Fox). Ele não é um mau ator, mas também não é bom. Considero mediano pra baixo, mas ele tá em filmes legais. Sei lá, pra mim ele é como o Tom Cruise, faz sempre a mesma atuação em todo filme. O que no caso do Farrell é arregar o olho e mandar o texto, enquanto o Tom Cruise abre aquele sorriso e mete o texto. Mas sei lá, é só a minha opinião e confesso que pode ser implicância também. Posso dizer que nesse filme em questão ele foi bem dirigido.
E falando em direção... (sentiu a preparação pro gancho, né? eh eh eh) o brazuka Afonso Poyart. Lembra quando eu falei no começo que sou o tipo de cara que vai no filme pra ver alguém que admira? Pois bem, eu fui seco pra ver Odin - pai de todos - e também o Afonso Poyart, diretor do excelente filme nacional 2 Coelhos (sério, se você não conhece esse filme tá marcando touca). Eu gostei, gosto muito do 2 Coelhos, apostei nele desde que vi o trailer e foi uma grata surpresa naquele ano. Sabe aquele máxima que falam às vezes que "cinema nacional não tem filme de ação porque não tem diretor brasileiro que saiba fazer"? Então, esse cara sabe fazer. Tanto que no longa de estréia mandou tão bem que foi chamado pra esse filme em questão. Então, eu fui muito curioso pra ver esse filme, essa nova empreitada do cara, agora em solo americano. Mas também fui com medo de me decepcionar sim, porque cinema lá fora fazer cinema é diferente daqui, diretor tem menos liberdade, menos voz ativa e tal. Poucos foram os brasileiros que saíram daqui pra dirigir lá e mandaram bem, os dois últimos exemplos que me vem a cabeça são o Fernando Meireles (Cidade de Deus) que dirigiu lá fora o Ensaio sobre a Cegueira - que eu adoro - e mais dois outros filmes, esses medianos na minha opinião (O Jardineiro Fiel e 360); e também temos como exemplo o diretor José Padilha (Tropa de Elite 1 e 2) que lá fora mandou bem pra caramba no remake Robocop e na série Narcos. Mas voltando ao Poyart, ele foi tão bem na direção do Presságios de um crime quanto seus dois colegas que citei. Ouso dizer que talvez em alguns momentos ele tenha sido ainda melhor que eles, porque em algumas cenas você vê nitidamente a "mão do diretor". E um diretor brasileiro no seu segundo longa conseguir isso em um trabalho de estréia nos EUA, é de tirar o chapéu. Foi uma direção competente, fluida e harmoniosa. Trilha sonora bem pautada também que nos coloca no clima. Curti mesmo a direção, até deu vontade de rever o 2 Coelhos uma vez que eu vi "cheiro de 2 coelhos" em duas cenas bem legais do filme (da mina na banheira e a perseguição no estacionamento - duas das mais legais visualmente).
Último destaque da equipe do filme que eu gostaria de ressaltar é o montador Lucas Gonzaga. É uma edição fluida, gostosa de assistir, te prende e tal. E qual não foi a minha surpresa ao ver outro nome brasileiro nos créditos? Fui pesquisar agora o nome do cara e vi que ele editou outros filmes que eu adoro também: "A Busca", "Entre Nós" e o próprio 2 Coelhos - do Poyart. Achei isso super do caralho do Afonso Poyart, ter a liberdade de levar um montador que ele conhece e confia. Sucesso.
Se vira nos 20
Eu tenho uma regra que venho seguindo nos últimos tempo ao ver filmes em casa, a "regra dos 20 minutos" que basicamente é: o filme apresentou de forma clara e precisa o tema do filme, conflito e protagonistas em 20 minutos ou menos? Te prendeu e deu vontade de ver o desfecho da história? É o tempo em média que os filmes levam pra fazer isso, mas claro que há excessões do tipo o filme te ganhar na primeira cena e tal. E cara, fatal, se não me ganhou nesse tempo, desculpa mas eu desencano do filme.
Então tendo isso em mente, surge a pergunta: o filme se vira nos 20? Cara, com o pé nas costas. Em 20 segundos só ouvindo a voz do Hannibal tu que é fã já fica animado, rsrsrsrs. Mas falando sério: de forma simples e eficaz o diretor consegue apresentar os personagens, te coloca no filme e tu não quer sair mais. Cativa e te prende. E o melhor, não deixa a peteca cair no decorrer da história (mal de muitos filmes).
E a pergunta mais importante que me fizeram hoje : "Presságios de um crime" vale a pena? Cara, vale! Se você é fã de suspense, thillers policiais, vale sim. Filme que te prende e te leva junto sem você nem ver. Deixa apreensivo também sem apelar.
Eu não vi trailer e nem li a sinopse, já confessei que o que me chamava a atenção era o ator e o diretor e confesso ainda que ao ficar sabendo que tinha personagem paranormal ajudando em investigações eu fiquei meio cético, achei quase bobo. Mas na boa, no desenrolar do filme e ao ver como o diretor transformou em imagens as premonições do personagem do Hopkins, o filme ficou bem mais interessante.
E pra finalizar, outra grata surpresa foi a ausência de clichês básicos que filmes do gênero uma hora ou outra acabam usando. Não que seja "O" filme originalzão, mas sei lá, filmes americanos ultimamente tem me irritado por excessos de clichês mais ainda do que os exageros. Tipo, começa e eu já sei o que vai acontecer de tanto que um filme chupa de um outro. Já o Presságios de um crime não incomodou nesse sentido, se teve clichê eu nem senti, foi super de boa.
Curti mesmo o filme, típico filme que eu assisto fácil de novo. Recomendo. Pode xavecar a namorada de ir pro cinema que nem ela vai reclamar.
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