por Beto Besant
Vez por outra surge um filme tentando inovar a linguagem cinematográfica, seja pela forma de atuar, de roteirizar ou mesmo de se montar o filme. Neste caso, a “não-montagem” do filme. Pois, ao invés de usar vários planos que se alternam – como quase todos os filmes – aqui não há cortes, tudo é filmado sequencialmente e sem cortes, da forma que assistimos. É o chamado plano-sequência.
Como estratégia de marketing, foram amplamente divulgados os 134 minutos ininterruptos. Obviamente, isso só tem efeito para estudantes de cinema ou cinéfilos, pois o público médio nem repara nos cortes. Exceto nos casos em que a ordem cronológica é bruscamente interrompida – como em Pulp Ficition, 21 gramas, Babel, etc. Inclusive, o cinema clássico presa exatamente por fazer com que o público não perceba os cortes e assim se identifique mais facilmente com a história.
A forma de se filmar - alardeada pelos distribuidores - acaba por ofuscar os méritos do filme. Prova disso é que este texto não pode falar do filme sem antes mencionar a técnica.
Na trama, Victoria (Laia Costa) é uma espanhola que vive há três meses na Alemanha. Sem amigos, vai até um clube noturno onde conhece quatro rapazes: Sonne, Boxer, Blinker e Fuss. Sem outra opção, a garota decide acompanhar os rapazes delinquentes pela noite de Berlim. Logo surge um interesse mútuo por Sonne (Frederick Lau), uma mistura de Marlon Brando com Gary Oldman, que demonstra ser o mais “ajuizado” do grupo - o que não garante muita coisa – e preocupado com o bem estar da garota.
Bem dirigido pelo também ator Sebastian Schipper (Corra Lola, Corra), Victoria tem como suas maiores virtudes o bom elenco – sabiamente conduzido por Laia e Frederick – que conseguiu dar muita naturalidade aos improvisos feitos em apenas 12 páginas de roteiro. Tecnicamente, o mérito maior fica na mis en cene criada pelo diretor e habilidade na câmera do diretor de fotografia.
Mais uma boa experiência do cinema alemão, que é um dos mais sólidos e contundentes do planeta. Imperdível.
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