Inspirado no mangá Umimachi Diary de Akima Yoshida, com direção de Hirokazu Koreeda - que também assina o roteiro com Yoshida - Nossa irmã mais nova é um drama que conta a história de três irmãs já adultas, Sachi, Yoshino e Chika, interpretadas respectivamente por Haruka Ayase, Masami Nagasawa e Kaho.
Após o divórcio de seus pais, a mãe acaba se mudando para outra cidade e o pai constrói uma nova família numa cidade ainda mais distante. Sachi toma pra si a responsabilidade de criar suas irmãs, mantendo assim o elo familiar. Elas vivem sozinhas numa casa antiga que pertencia à avó já falecida.
A direção de Hirokazu Koreeda (Pais e Filhos, 2013) desenvolve aqui a sutileza das relações, o quanto pequenas descobertas no dia a dia podem encantar quem as percebe. Também demonstra como as tradições familiares podem continuar sendo cultivadas pelas novas gerações. O senso de respeito e moralidade - dentro da convivência do ciclo social apresentado no filme - pode ser um choque para os que apreciam uma obra como esta pela primeira vez. Muitas das cenas ocorrem em pequenas reuniões entre as irmãs durante pequenos passeios e também nas refeições, momentos em que geralmente as famílias estão reunidas.
A fotografia de Mikiya Takimoto - que também colaborou com o diretor em Pais e Filhos - traz belas imagens da cidade litorânea com ares de interior de nome Kamakura, mostrando as paisagens montanhosas e arborizadas, as ruas adornadas com suas árvores e copas robustas e seus jardins repleto de flores de ameixeiras. Planos-conjunto marcam grande parte dos diálogos, com closes usados sutilmente entre uma cena e outra. Há sequências que sugerem um certo desconforto, uma premeditação de quebra
É interessante perceber como o roteiro vai revelando, no desenrolar da trama, as diferentes personalidades das irmãs, mesmo que se contrapondo também se completam. Com a chegada e convívio com Suzu, é através do olhar dela que passamos a conhecer melhor cada personagem. As atrizes apresentam um ótimo trabalho, realmente acreditamos nos laços ali criados por este pequeno núcleo familiar, trazendo também um ar de ingenuidade.
Mas em meio a toda forma poética e singela de mostrar este cotiano, sentimos alguns vestígios de sub-trama que acabam por não serem exploradas. Algumas situações no decorrer da história surgem como ameaças ao mundo comum das irmãs, como a confiança demasiada que elas depositam em seus pares amorosos e certos mistérios que são sugeridos sobre o passado do pai. Mesmo assim, a história permanece dentro do contexto familiar. Além de que toda essa construção se estende por 128 minutos de filme, criando a expectativa de término em diversas momentos finais, mas acabavam seguindo para outra sequência, outro passeio, quebrando a imersão do expectar naquele universo. Se tivesse alguns minutos a menos, seria uma experiencia ainda melhor.