por Beto Besant
João (Fabrício Boliveira) deixa a cidade de Santo Cristo para tentar uma nova vida em Brasília. Começa a trabalhar como carpinteiro mas acaba e tornando traficante de seu primo Pablo (Cesar Troncoso). Conhece casualmente Maria Lúcia (Ísis Valverde) e se apaixonam perdidamente. O romance de João com a filha do senador (Marcos Paulo) provoca a ira de Jeremias (Felipe Abib), um traficante "playboy" da cidade apaixonado por Maria.
Filme de estreia do publicitário René Sampaio, Faroeste Caboclo é uma grande surpresa cinematográfica. A crítica, sempre desconfiada quando se anuncia um filme deste tipo, encabeçado por uma atriz famosa em novelas, foi quase unânime em reconhecer sua qualidade. É com muita segurança que Sampaio conduz o trabalho.
O bom roteiro, escrito inicialmente por Paulo Lins e depois por Marcos Bernstein e Victor Atherino, cumpre bem o que se propõe. Não é nenhuma revolução cinematográfica mas conta a história relatada na música de forma muito interessante, sem deixar de ser acessível ao público médio. Trata-se de um policial com pitadas de romance proibido e faroeste.
O roteiro não tem maniqueísmo, o protagonista mata friamente e aparentemente sem motivo até que depois este seja revelado. A "mocinha" do filme fuma maconha quase o tempo todo e casa-e com o vilão do filme. Decisões de certa forma ousadas para os padrões comerciais.
Tecnicamente, também é muito bem feito, com uma belíssima fotografia e direção de arte. Mas o grande trunfo do filme é o elenco. Preparado pelo prestigiado Sérgio Penna, o elenco é coeso, desde o trio principal - formado por Boliveira, Abib e Valverde (que interpreta com a alma transbordando pelos olhos) até a pequena participação de Flávio Bauraqui, que interpreta o pai de João de forma brilhante.
Para arrematar este grande trabalho, Filipe Seabra (baixista da banda Plebe Rude) foi o responsável pela excelente trilha sonora, que teve a sábia decis]ao de só colocar a música-tema nos créditos finais.
A COLETIVA
No último dia 20 de maio, a distribuidora Europa Filmes promoveu em São Paulo/SP, no Shopping Frei Caneca, uma coletiva de imprensa do filme.
o diretor René Sampaio |
Estavam presentes o diretor René Sampaio, o trio principal Fabrício Boliveira, Ísis Valverde e Felipe Abib, Giuliano Manfredini (filho de Renato Russo) entre outros.
O diretor comentou que não quis fazer um videoclipe de cem minutos, como muita gente poderia supor. Falou sobre o filme ser lançado logo após o filme Somos Tão Jovens: "os filmes foram feitos quase simultaneamente, passadas as confusões iniciais sobre quem estava em qual filme, etc, chegamos a temer que um pudesse reduzir a quantidade de público do outro, mas hoje vemos que eles se complementam, por tratarem de universos totalmente diferentes de Renato Russo.
Fabrício Boliveira |
O protagonista Fabrício Boliveira mostrou que além de grande ator, é muito bem articulado, engajado e carismático. Falou que as questões raciais surgiram no filme por conta de sua participação. Também disse que apesar das cenas de violência, considera mais chocantes as cenas de racismo que o filme apresenta.
A atriz Ísis Valverde contou que esteve com a mãe de Renato Russo e descobriu que a maioria dos personagens da música eram presentes na vida do compositor, então perguntou sobre a Maria Lúcia da vida real. A resposta que recebeu foi que a Maria Lúcia era uma mistura das várias mulheres da vida de Russo. Então, ao observar as fotos delas, notou que cada uma tinha uma característica, o que a levou a compor uma Maria Lúcia multifacetada.
Ela também contou que conversava durante horas seguidas com o ator Marcos Paulo (que interpreta o pai de Maria Lúcia e foi seu último filme). Disse que o ator e diretor deu várias dicas importantes. Neste momento o diretor Sampaio contou que Marcos Paulo descobriu que tinha um câncer durante as filmagens, e para não prejudicar o trabalho, adiou por quinze dias o início dos tratamentos.
Um grande destaque do filme fica por conta da trilha sonora. O diretor conta que optou cor convidar Seabra por ser de uma banda de Brasília, por ter acompanhado a carreira da Legião Urbana e outras bandas da época, além de já ter feito trilhas para cerca de quatro filmes.
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