por Beto Besant
Ao nos deparar com um documentário como este, ficamos pensando por qual motivo documentários vão tão mal de bilheteria no país.
Dirigido por Shola Lynch e produzido por Will Smith e sua mulher, o filme conta uma história tão pouco conhecida em terras tupiniquins: Angela Davis, uma professora negra norte-americana, dona de um carisma arrebatador e discurso muito bem articulado, que decide dedicar sua vida na luta pelos direitos dos negros, provocando a ira do governo vigente.
O filme alterna depoimentos atuais de Angela e outros envolvidos com imagens e reportagens de época. Os fatos contam ainda com pequenas reconstituições para dar mais dinamismo ao filme.
A biografada conta que chegou a se relacionar com os Panteras Negras (grupo radical de luta pelos direitos dos negros) mas logo percebeu que aquele não era seu lugar, pois o machismo impediria que ela tivesse total liberdade de pensamento e atuação.
Ao se destacar em sua militância, Davis passa a receber ameaças de morte diariamente, vindo a comprar uma arma. Apaixona-se por um presidiário e logo uma tentativa de libertá-lo produz quatro mortes, onde são encontradas armas registradas em seu nome. Com isso é processada com pedido de três penas de morte.
Dessa forma acompanhamos desde a rotina de sua fuga até seus dias de prisão e julgamento.
Apesar de Angela Davis não ter o "padrão de beleza" de nenhuma modelo - ostentando uma enorme cabeleira black power e dentes afastados, ao aliar um belo e contundente discurso com um corpo esbelto e bem torneado, dá para termos a noção de quanto sua figura emblemática cativava as pessoas e incomodava o governo daquele tempo. Fica patente o objetivo de Richard Nixon (presidente), Ronald Reagan (governador) e o lendário Edgar Hoover (líder do FBI) de se livrarem dela.
Mesmo com as restrições que documentários enfrentam, este é um exemplo de uma bela trama, com elementos de policiais com suspense. Numa época em que jovens sem nenhuma consciência política vão às ruas apenas por modismo e líderes de movimentos os utilizamo apenas como trampolim para uma carreira política, é muito bom assistir a esse tipo de história verídica.
Lamentavelmente, como dito no início deste texto, pouquíssimas pessoas se sujeitarão a assistir a este belo filme.
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