por Beto Besant
Com ideias muito "avançadas" para a então década de 20, Therese (Audrey Tatou) casa-se com Bernard (Gilles Lellouche), irmão de Anne (Anais Demoustier), sua melhor amiga.
O casamento é nitidamente por conveniência, pois a protagonista mal suporta seu marido. Ao contrário de Anne, com quem Therese se entende tão bem e toma atitudes tão possessivas, que fica nas entrelinhas uma possível paixão platônica ou até mesmo algo consumado na adolescência, porém não explicitado.
A aversão à sua vida chega ao ponto de querer matar seu marido quando passa a tomar, por indicação médica, gotas diárias de arsênico. O inconformismo vai levando, pouco a pouco, toda sua sanidade, chegando a um estado lastimável.
Baseado no romance Thérèse Desqueyroux (de Fraçois Mauriac, lançado em 1927), é a segunda versão para as telonas. A anterior foi feita em 1962.
No papel da protagonista, que antes havia sido interpretado pela sensacional Emmanuelle Riva, agora é a vez de Audrey Tatou (eterna Amélie Poulain).
Tatou cumpre a função com dignidade, e adiciona à personagem o peso de seus conflitos.
Lellouche também está muito bem no papel do marido de atitudes questionáveis, mas apesar disso, as boas atuações não são suficientes para salvar o filme.
Escrito e dirigido pelo aclamado Claude Miller (morto em Abril de 2012), tem um bom argumento e bom elenco, apesar de começar bem, se perde e torna-se lento e cansativo.
Como qualquer filme de época que se preze, tem belos figurino, direção de arte e fotografia, mas peca num roteiro fraco.
A montagem linear (ao contrário do livro, todo feito em "flashbacks") torna o filme mais maçante ainda. Passamos boa parte do filme esperando que vá acontecer uma reviravolta mas isto não acontece, até percebermos que teremos que nos contentar com ela assim mesmo.
Um erro de escalação que poderia ser amenizado com a maquiagem é que na adolescência, as duas amigas aparentam ter praticamente a mesma idade, porém quando elas já são adultas, Tatou aparenta ser bem mais velha que Demoustier.
Apesar do cinema francês fazer, talvez, o melhor cinema da atualidade (considerando uma média entre as produções), este é um equívoco. Um filme que deve agradar a pouquíssimos espectadores.
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