por Beto Besant
Na coletiva de imprensa do filme, pudemos conhecer detalhes deste interessantíssimo filme de José Henrique Fonseca.
O filme conta a história do primeiro "jogador problema" da história do futebol brasileiro: Heleno de Freitas.
Principal craque brasileiro de seu tempo, Heleno era de família classe média. Como muitos craques que surgiriam depois, o jogador não vivia sem noitadas, bebida e mulheres. Com boa aparência, estava sempre envolvido com diversas mulheres e aos poucos foi tornando-se um alcoólatra. Seu auge foi na década de 40.
Em campo, sua elegância era sua "marca registrada" (além da "matada no peito" e chute forte). Sua pouca paciência com os outros jogadores era motivo de muitas brigas entre os colegas, que chamava de "cabeças de bagre". Outra característica (que parece ter ficado no passado) era o amor pelo time, que aceitava jogar pelo Botafogo até sem receber nada.
Com o tempo, e as noitadas, acabou por contrair sífilis e recusou-se a tratar para não ficar nem uma partida de fora do time.
Com isso, a doença agravou-se levando-o à morte no iício da década de 50.
O filme é uma excelente produção, que tem o protagonista Rodrigo Santoro em sua melhor interpretação.
Na coletiva, o ator ressaltou sua admiração pelo jogador (que confessou não conhecer até que seu avô comentasse a respeito). Contou que viajou até a Minas Gerais, onde vive atualmente a família de Heleno de Freitas, para saber mais sobre o jogador.
Também disse ter contratado o renomadíssimo preparador de elenco Sérgio Penna para ajudá-lo na elaboração do papel e o ex-jogador Cláudio Adão para lhe dar dicas de como obter a plasticidade e elegância do biografado.
O resultado foi excelente, conseguiu interpretar de forma magistral a personalidade polêmica do atleta, demonstrando ida sua irreverência e poder de sedução. Também precisou emagrecer 12 kilos (através de uma rígida dieta) para interpretar o jogador já doente, vivendo em uma clínica de repouso.
O ator se apaixonou pelo personagem antes mesmo de existir um roteiro e se dedicou tanto ao filme que quando percebeu já estava participando pela primeia vez como produtor.
O diretor José Henrique Fonseca dirige de forma eficiente o roteiro em que assina junto com Felipe Bragança e o argentino Fernando Castets. Nas cenas de partidas de futebol, optou por colocar a câmera sempre baixa e bem aproximada, por ser a forma que habitualmente as pessoas se recordam das partidas antigas exibidas pelo "Canal 100".
O grande destaque do filme é a direção de fotografia do renomadíssimo Walter Carvalho, que faz o filme totalmente em preto e branco e com um tratamento de imagem que lembra muito os filmes de antigamente, que não possuíam (obviamente) a qualidade e resolução de imagem dos tempos atuais.
Alinne Moraes interpreta Silvia, uma mulher que luta para manter o casamento com o jogador. Conforme dito na coletiva, este personagem possui elementos ficcionais, por isso o nome da verdadeira mulher do jogador foi substituído. A atriz discorda da ideia de que sua personagem é a "primeira maria-chuteira" que se tem notícia, pois acredita (talvez pelo costume dos atores defenderem veementemente seus personagens) que ela realmente amava o jogador.
A excelente atriz colombiana Angie Cepeda interpreta Diamantina, uma cantora de boate que mantém um antigo romance com Heleno.
É um belo filme, de rara beleza e interpretações, que merece ser visto.
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