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Coletiva de Imprensa: EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS



por Beto Besant

Esta semana foi realizada em São Paulo a exibição seguida de coletiva de imprensa do filme “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”, dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca.


Marçal Aquino assina o roteiro, baseado em seu livro homônimo. Encabeçam o elenco: Camila Pitanga, Gustavo Machado, ZeCarlos Machado e Gero Camilo.

Marçal Aquino: roteirista
O filme conta a história de Lavínia (Camila Pitanga), que é casada com Ernani (ZeCarlos Machado) e se envolve com o fotógrafo Cauby (Gustavo Machado). Viktor (Gero Camilo) é um jornalista que, entre drogas e bebidas, vive como colunista de fofocas e é amigo de Cauby.






É uma trama extremamente bem escrita, onde pouco a pouco o público vai conhecendo a história de cada personagem. O elenco é coeso e consegue encontrar o ponto certo de interpretação, pois o filme toca em assuntos delicados sem ser maniqueísta. A direção também é competente, conseguindo extrair dos atores a emoção certa de cada cena. Como é um filme dirigido “a duas mãos”, o que é raro, percebe-se total sintonia entre Ciasca e Brant. Outro ponto forte é a montagem, que alterna três fases da história com muita competência.
Uma curiosidade é que, apesar de ser um filme de ficção, a certa altura apresenta um discurso real do ativista indígena Dinael Cardoso, que luta contra a degradação da natureza no Estado do Pará.

Renato Ciasca e Beto Brant: diretores
Na coletiva, os diretores disseram que a luta de Dinael não estava no roteiro, mas ao saberem de sua situação optaram por conhecê-lo. Pelo fato de estar ameaçado de morte pelas madeireiras (familiares seus já foram assassinados), tiveram que passar por um esquema de segurança do ativista, e só o conheceram depois de todos terem certeza do que se tratava e das reais intenções do filme.





Dinael Cardoso e ZeCarlos Machado
Sua presença foi surpresa para todos, pois mantém segredo sobre sua rotina (vive sem proteção policial) contando apenas com a ajuda de seus amigos. Dinael comenta que já aconteceu de usarem vídeos de discursos seus editados de forma que fossem usados contra ele próprio em julgamentos anteriores.



Brant e Ciasca comentaram que tinham preocupação pelo personagem de Camila ter cenas ousadas de nudez, porém, após uma leitura de roteiro, todas as observações foram relacionadas a outros pontos pois ela disse já conhecer o trabalho deles. O mesmo ocorreu quando ela assistiu o primeiro corte do filme. 




Gustavo Machado e Gero Camilo
Gustavo Machado (que também possui formação de artista plástico) dedicou-se tanto ao seu personagem Cauby que passou a estudar fotografia, cujo resultado aparece na cenografia do filme.


Camila e Gustavo contam que tiveram tanta liberdade na interpretação que quando iam reler as cenas, os diretores diziam pra deixarem o roteiro de lado e se libertarem.
 


Camila Pitanga
Brant comenta que pediu ao diretor de fotografia Lula Araújo que criasse uma iluminação que não utilizasse de tripés, pois gostaria que os atores tivessem total liberade criativa. Para isso, Araújo usou basicamente luz natural, retirando o telhado das locações e steadcam (equipamento que estabiliza a câmera quando apoiada no ombro do cinegrafista) para dar maior liberdade ao elenco.

É um filme extremamente pessoal, um dos melhores lançamentos nacionais dos últimos tempos. Porém não é um filme que vai agradar a quem for na expectativa de assistir a um romance tranquilo. Na verdade trata-se de um drama complexo, com várias idas e vindas no tempo para se contar a história. E como disse o roteirista Marçal Aquino: “É um filme que foge do maniqueísmo, pois nele ninguém é somente bom nem somente mau, todos os personagens são humanos".

 
 

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