Por Beto Besant
por Beto Besant
O filme é a estreia do roteirista e diretor Odilon Rocha em longa metragem, que também assina a produção.
A trama se passa durante o ano de 1978. Dora (Cláudia Ohana) trabalha como empregada doméstica da prostituta de luxo Amanda (Vanessa Giácomo). Dora é uma ex-militante política que vive na clandestinidade. Amanda é o oposto, uma jovem alienada fanática pela novela Dancin’ Days, cujo maior sonho é ir para o Rio de Janeiro e conhecer a famosa discoteca de mesmo nome que ficava no Morro da Urca.
Paralelamente, vemos Caio (Paulo Lontra) o filho de Dora, que é criado pelos avós e nunca conheceu seus pais nem o motivo de seu desaparecimento.
Após um assassinato, patroa e empregada decidem fugir para o Rio de Janeiro, para escaparem do delegado Brandão (interpretado por Alexandre Nero), o típico policial violento e opressor dos tempos de ditadura, infelizmente ainda existente nas polícias deste país “democrático”.
O diplomata João Paulo (Mateus Solano) passa por uma crise em seu relacionamento e em sua profissão, quer se separar de sua mulher e sente-se estrangeiro em seu próprio país. Além disso, nutre grande respeito pelo padre local, ajudando-o conseguindo passaportes "frios" sem perguntar a finalidade.
O filme é muito interessante, pois alterna momentos de tensão (por conta da ditadura) com momentos leves e descontraídos (por conta da personagem ser fã da novela).
O elenco está muito entrosado, encontrando o tom certo de cada interpretação. Destaque para Mateus Solano, que faz uma cena de beijo homossexual de muita coragem.
A reconstituição da época é bem feita, pois mesmo sendo um filme de baixo orçamento, encontra formas criativas de suprir essa necessidade. Nas cenas externas utilizam planos plongée (de cima pra baixo) e contraplongée (de baixo pra cima). Desta forma mostra, além dos atores, só céu e chão. Outro recurso é mostrar fundos neutros, como a Pedra do Arpoador (ou outra semelhante) e praia.
A trilha sonora ajuda muito a compor a época e relembrar aqueles tempos, para as pessoas saudosistas, com músicas estrangeiras de sucesso estilo “disco”, com a música gravada pelas Frenéticas que dá nome ao filme, e “Amanhã” (de Guilherme Arantes).
O filme tem momentos poéticos e emocionantes, apresentando um relacionamento homossexual com muito respeito e delicadeza e um momento onde mãe e filho se encontram, onde ela está feliz por conhecê-lo mas ao mesmo tempo triste por tudo que está acontecendo em sua vida e por todos os momentos que poderia ter vivido com o rapaz.
É um filme que merece ser visto e se tiver tempo, divulgação e boa distribuição, pode atingir um público razoável pra um filme de baixo orçamento e de diretor estreante.
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