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EU ESTAVA JUSTAMENTE PENSANDO EM VOCÊ (Comet)


por Beto Besant

"Em briga de marido e mulher, não se mete acolher". Como sugere o velho dito popular, histórias de casal não são interessantes e deve-se manter distância.
O filme Eu estava justamente pensando em você trata-se justamente de uma DR (discussão de relacionamento) de quase duas horas de duração.

Para nossa sorte, aqui temos uma agradável experiência, onde uma história simples  - que é o período de início ao fim de um namoro - é o que conduz a narrativa de forma leve e inteligente.



O filme do estreante Sam Esmail tem praticamente só dois personagens - os outros aparecem rapidamente e sem nenhuma grande relevância - e conta a história de Dell (Justin Long), que vai a um evento onde as pessoas irão assistir a passagem de um cometa. Quase é atropelado por um carro e é Kimberly (Emmy Rossum) quem o salva. A tensão sexual entre ambos surge instantaneamente, mas ela está com seu namorado, um bonitão que não tem "muito o que dizer". Daí em diante passamos a acompanhar o relacionamento do casal ao longo de três anos. A partir daí, o filme apresenta paralelamente quatro momentos importantes do casal: o dia em que se conheceram, uma discussão por telefone, uma viagem a Paris e um encontro casual no trem.


O que tinha tudo pra ser um filme chato e arrastado, resulta num filme interessante graças aos diálogos inteligentes, à montagem ágil e fora de ordem cronológica, e à fotografia esmerada e cuidadosa, que subverte regras fotográficas, colocando os personagens no canto do quadro, na maior parte do tempo, dando a sensação de desequilíbrio, sufoco e instabilidade.

A sensação de desequilíbrio é tanta que os atores - que tem características físicas que em muito lembram filmes latino-americanos - causam estranhamento por viverem Estados Unidos e falarem inglês. Algo como se fosse um filme argentino dublado em inglês.

Não é um filme extremamente palatável, mas vai agradar aos que preferem filmes mais cerebrais e de casais. Tem grande chance de se tornar cultuado pelos casais como aconteceu com Closer (Mike Nichols, 2004).



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