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SE PUDER... DIRIJA!


por Beto Besant


João (Luis Fernando Guimarães) é um pai ausente e promete à sua ex-mulher Ana (Lavínia Vlasak) que passará um dia inteiro com seu filho Quinho (Gabriel Palhares) após ter faltado a mais um aniversário do menino. Seu colega de trabalho Ednelson (Leandro Hassum) sugere que pegue o carro de uma cliente médica de nome Márcia (Bárbara Paz), pois são manobristas de um estacionamento.
Obviamente, nada acontecerá como o planejado e situações supostamente engraçadas ocorrerão.


Terceiro longa-metragem de Paulo Fontenelle (que assina roteiro e direção), foi alardeado como o primeiro filme de ficção em 3D feito no Brasil, mas bem que poderia se chamar Se puder... ria!

Mais um título das recentes comédias populares sem graça que tentam fazer gordas bilheterias, o filme é uma sucessão de erros. A começar pelo uso desnecessário do 3D. No filme não existe nenhuma necessidade de usar-se esta técnica que encarece em muito a produção. Nota-se que é apenas para se dizer que foi o primeiro no país.

Outro erro é que nem a escalação de Luis Fernando Guimarães (habituado a fazer graça mesmo que não esteja apoiado em algum texto brilhante) consegue sustentar o filme, e parece constrangido em ter aceito o trabalho.


Na sequência da foto acima, tenta-se fazer graça com o nome do cachorro: Moleque. Além desta não ser das melhores piadas que o humor já produziu, o diretor tenta extrair alguma graça dela até a última gota, repetindo a tal "piada" durante cerca de um minuto, o que no filme parecem horas e horas. 

Leandro Hassum é o único que chega perto de se conseguir fazer graça, o que, para um comediante talentoso e experiente como ele, mostra o nível de tragédia desta "comédia".

Para piorar, Fontenelle cria uma cena que visa atrair jovens garotas que se contentam apenas com um rosto bonito e um romance forçado. Escala os belos Reinaldo Gianecchini e Lívia de Bueno. Numa participação constrangedora, Gianecchini (que diz ter aceito o papel antes mesmo de saber do que se tratava - o que poderia tê-lo salvado deste vexame) é atropelado por Luiz Fernando Guimarães e é levado para o hospital. No caminho, o carro em que estão é guinchado, e a motorista do guincho é Lívia. Ao se verem, a cena é tão constrangedora que inclui até a bela moça soltando os cabelos em câmera lenta.

Não satisfeito, o diretor ainda tenta fazer graça com escatologias como flatulências, lavagem estomacal e todas as necessidades físicas praticadas num banheiro.

O previsível melodrama final do entendimento entre pai e filho nada convence o público, pois o roteiro não tem desenvolvimento suficiente para emocionar no final. O que qualquer novela mexicana sabe fazer há décadas.

Ou seja, é o tipo de filme que só consegue arrancar risadas daquele tipo de público que vai ao cinema com tanta disposição pra rir que é capaz de dar gargalhadas até com uma tela vazia.



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