por Beto Besant
Três jovens com Síndrome de Down: Stallone (Ariel Goldenberg), Aninha (Rita Pook) e Márcio (Breno Viola), decidem fugir da instituição onde moram para realizarem seus sonhos.
Stallone quer ver o mar, Aninha quer casar e Márcio quer voar. Paratanto, roubam o carro do jardineiro (Lima Duarte) e partem numa longa viagem inspiradas no filme Thelma e Louise, pois eles são fanáticos pelos filmes que assistem na locadora da instituição.
A polícia é avisada e escala dois policiais atrapalhados para prenderem o trio.
O filme dirigido por Marcelo Galvão (de Bellini e o Demônio), que assina roteiro, direção e montagem, tem altos e baixos.
O roteiro é divertido, seguindo o tradicional estilo road movie (filmes de estrada), porém peca ao tentar explicar tudo para que não fique nenhuma dúvida. Em certo momento o personagem olha para uma cortina de banheriro e diz: "Tive uma ideia..."
Em seguida, a personagem Aninha recebe um véu feito com a cortina e diz: "Um véu de cortina de chuveiro..."
Além disso, o filme todo tem a voz off (usada em nove de cada dez filmes nacionais da atualidade) de Lima Duarte, que explica tudo de forma didática e infantilizada.
Talvez tanto didatismo seja proposital para atingir possivelmente o público infantil e o público médio, mais acostumado à linguagem "mastigada" das telenovelas.
A direção mantém seus altos e baixos, com erros de continuidade, falhas na reconstituição de época (pois alterna objetos da década de oitenta com objetos mais recentes, assim como o carro que possui um adesivo do ano de 1997) e uma atuação "afetada" de Nil Marcondes, que interpreta um homossexual ao estilo "Zorra Total". Além disso, há uma sequência onde os personagens saem do Sul do país num caminhão e ao chegarem na Argentina, o motorista é do país estrangeiro, algo totalmente sem nexo. O caminhão mostra ostensivamente uma propaganda com site e telefone de um buffet de Campinas.
Em certo momento, o filme tenta não se prender ao politicamente correto (que normalmente limita a arte) e mostra uma sequência de depoimentos dos internos com Síndrome de Down. Um momento que leva o público às gargalhadas, o grande problema está no fato dos "atores" não estarem tentando ser engraçados, mas sim mostrando sua natureza. O que fica no limite do jocoso.
Por outro lado, o diretor extrai bons momentos do elenco principal e consegue um estilo comercial, o que não é muito fácil de se fazer. Com seus prós e contras, merece ser visto.
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