por Beto Besant
Nesta segunda-feira 28 de abril aconteceu na cidade de São Paulo a pré-estreia do filme Florbela.
A produção portuguesa foi lançada em 2011, chegando só agora nas telas brasileiras através da distribuidora Imovision. No evento estava presente a protagonista Dalila Carmo, que apresentou seu trabalho para uma sala lotada.
O filme traça um perfil da famosa poeta portuguesa Florbela Espanca e fez muito sucesso com seu público, sendo a produção portuguesa de maior bilheteria do ano no país.
A poeta, nascida no final do século XIX, escandalizou a sociedade com atitudes à frente de seu tempo através de uma forte postura feminista, vestindo calças compridas, fumando, se casando diversas vezes, etc.
A trama mostra o final de um dos casamentos de Espanca, seu novo relacionamento e sua forte relação com seu irmão Apeles (Ivo Canelas). Sua instabilidade emocional a impede de escrever, com isso se deixa levar pela vida boemia e romances extraconjugais.
O longa-metragem tem uma belíssima direção de fotografia, uma direção de arte riquíssima, reconstituindo a época retratada com muita perfeição. O roteirista/diretor Vicente Alves do Ó também apresenta um trabalho muito maduro e eficaz, como na cena em que gira a câmera sobre a cabeça da protagonista, traduzindo sua agonia por não conseguir escrever.
O roteiro optou - de forma acertada - por não tentar explicar todos os detalhes da vida de Florbela, uma vez que sua história é muito controversa. Na conversa após a sessão, a atriz comentou que cada biografia da poeta dá uma versão, por isso a construção de um roteiro aberto (quando deixa para o público deduzir o que não é mostrado).
Com belas atuações - principalmente de Carmo e Canelas, apoiado num bom roteiro, a direção competente faz com que o público sinta uma tensão sexual entre Florbela e seu irmão, mas nunca deixando claro o que realmente aconteceu.
O único problema do filme está na montagem de João Braz, que apesar de ter elipses interessantes (quando acontece uma passagem de tempo – neste caso ao passado) é um pouco lenta e cansativa, principalmente na segunda metade do filme, quando “escorrega” um pouco para chegar ao seu final.
Somando-se prós e contras, o saldo é positivo. O filme merece ser visto, não só pela produção esmerada e bom roteiro e direção, mas também para conhecer um pouco da história fascinante desta poeta do país que nos colonizou e que sabemos tão pouco.
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