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O QUARTO DE JACK (Room)

O Quarto de Jack : Poster

Antonio Carlos Egypto

O Quarto de Jack começa como um filme claustrofóbico e assustador. Mostra uma mãe e uma criança vivendo num espaço minúsculo de cerca de 10 metros quadrados, sem nunca sair de lá. Só um homem aparece regularmente, traz víveres e outras coisas, paga as despesas, vai para a cama com a mulher e some. A filmagem acentua a exiguidade do espaço e a estranheza de uma vida num lugar sem janelas, de onde não se pode sair, em que a luz entra por uma claraboia no teto.


O que está acontecendo? Como essas pessoas vieram parar aí?

A mulher, Joy (Brie Larson), cuida de seu filho, que acaba de completar 5 anos, Jack (Jacob Tremblay). Conversa, interage com ele carinhosamente, faz comida, faz e orienta-o a fazer exercícios, ele vê TV, dorme e brinca como pode. Ao observar o que se passa por lá, vamos percebendo pouco a pouco do que se trata, enquanto sofremos a situação e vislumbramos, depois de uns quarenta minutos de filme, que algo mais poderá suceder.

O Quarto de Jack explora bem a situação de uma criança que nasceu e sempre viveu naquele ambiente fechado, sem contato com ninguém ou com o mundo. De que forma pode entender as coisas a partir das informações que recebe, basicamente, da mãe e da TV? Realidade e imaginação se embaralham o tempo todo.

O que seria esse mundo em que um dia sua mãe diz que viveu e que imagens televisivas mostram? O que acontece de fato e o que não? Crianças tendem a ter um pensamento mágico, próprio da imaturidade, mas, quando tudo se confunde, que repertório pode ser desenvolvido para se conseguir viver no mundo e tentar compreendê-lo?

O filme vai nos levando, de suspense em suspense, e nos fazendo viver uma situação de terror psicológico constante, quando nos detemos na vida e no comportamento adulto. O centro da narrativa, no entanto, é o mundo infantil de Jack, a maneira como ele apreende as coisas e como atua quando exigido. O que percebe e capta do mundo dos adultos e o que faz com isso. Nesse registro, tudo se dá de forma diferente, até os medos são outros.

O filme, uma adaptação do romance Room, de Emma Donoghue, descreve uma situação realista, mas é do mundo interno dos personagens que se trata. Algumas das soluções encontradas não são muito convincentes. Algumas das reações de Jack, também não. Mas isso não importa muito. A trama é boa, consistente e sintonizada com o nosso tempo. Hoje o que é real e o que é virtual estão cada vez mais mesclados, de modo que todos vivemos, de algum modo, o drama de Jack.

Os protagonistas de O Quarto de Jack, a atriz Brie Larson e o menino Jacob Tremblay, têm ótimo desempenho. Impossível não sofrer com eles, não torcer por eles. Em especial, pelo garoto, um belo achado do diretor Lenny Abrahamson.

O filme, produção do Canadá de língua inglesa e da Irlanda, concorre ao Oscar 2016. Tem méritos para ser lembrado. Dificilmente terá chance como melhor filme, mas concorre também como melhor roteiro adaptado e melhor atriz, para Brie Larson. Quem sabe?


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