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WHITE GOD (Fehér Isten)

White God : Poster
por Beto Besant

De tempos em tempos, surgem no cinema histórias de ataques de animais, seja ratos, aranhas, piranhas, tubarão, ou qualquer outro. Da mesma forma que Lars von Trier mostrou com Melancolia (2011) que é possível fazer filme de catástrofe sem ser um enlatado acéfalo, aqui, o diretor Kornél Mundruczó mostra que é possível fazer filme de revolta animal sem ser uma bobagem rasa.

Na trama, a mãe de Lili (Zsófia Psotta) viaja e deixa a filha e seu cão Hagen com o pai da menina (Sándor Zsóter). Recusando-se a pagar a taxa cobrada pela prefeitura de Budapeste para ficar com um cão sem raça pura, o pai abandona-o na rua. Enquanto a menina faz de tudo para recuperar seu animal de estimação, o cão passa por um sério processo de embrutecimento, tornando-se completamente diferente do que era.

White God : Foto

O filme é bem conduzido - ao contar de forma fria e racional uma história que facilmente resvalaria num melodrama ao estilo Disney ou num terror thrash ao estilo A Invasão das Aranhas Gigantes (1975) - mas deixa várias arestas elo caminho. Desde o roteiro (que deixa algumas pontas soltas) à realização (que abusa de câmera tremida).

A montagem também tem seus altos e baixos. No 2º ato, o filme perde seu ritmo, vindo a recuperá-lo no 3º ato, onde flerta com o terror de forma muito sólida.

White God : Foto Sándor Zsótér, Zsófia PsottaOs cães foram muito bem treinados e realmente convencem durante todo o filme. Para quem é apaixonado por cães (como eu) algumas cenas dão aflição, porque, mesmo sabendo que existem truques de montagem e toda uma legislação que protege os animais, alguns momentos dão a sensação de que os cães estão realmente sendo judiados para que as cenas se tornem realistas.

É praticamente impossível não associar a discriminação que sofrem os cães de raças misturadas do filme com a discriminação entre os homens. Obviamente - e muito por conta do cinema - pensamos primeiramente na segregação judaica da Segunda Guerra Mundial, mas depois começamos a levar o raciocínio a outros povos que passam pelo mesmo problema até os dias atuais.

Com erros e acertos, White God é uma experiência muito interessante de cinema, daquelas raras de se ver. E com uma condução mais rara ainda.
Portanto, para quem gosta do cinema que vai além de pipocas enlatadas, não deve perder este filme.



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