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TUDO QUE APRENDEMOS JUNTOS

por Beto Besant

Nova produção da Gullane, Tudo que Aprendemos Juntos é uma clara tentativa de fazer cinema popular mas que também agrade aos festivais. Para isso, convidaram seu principal parceiro, o diretor e roteirista Sérgio Machado e a renomada autora de novelas Maria Adelaide Amaral para que fosse adaptada a peça teatral Acorda Brasil, do empresário Antônio Ermírio de Moraes.

Também assinam o roteiro o cineasta Marcelo Gomes e a roteirista Martha Nehring.

Na trama, Laerte (Lázaro Ramos) é um violinista virtuose que - após ser reprovado na audição para a orquestra da OSESP - é "forçado" a dar aulas na Comunidade de Heliópolis para poder pagar suas contas. O professor tem um choque imediato ao deparar-se com aulas ministradas numa quadra ao ar livre, com o baixo nível técnico dos alunos, com a falta de educação e modos deles e com o desrespeito com que tratam a si mesmos e ao professor.

Como não poderia ser diferente, aos poucos o grupo vai se afeiçoando ao mesmo tempo em que os problemas da vida na favela invadem e dificultam o aprendizado.

Partindo do clichê filme de professor que leciona para alunos pobres e de realidade violenta, Tudo que Aprendemos Juntos consegue escapar de parte deles. O primeiro deles deve-se ao fato do professor não ser um idealista (na verdade, Laerte não quer lecionar e passa a detestar quando vê as condições que terá que enfrentar). Apesar do desfecho melodramático, o filme foge do clichê felizes para sempre.


A escolha de Lázaro para o papel faz com que seja impossível dissociar o personagem ao clássico Ao Mestre com Carinho (1967). Apesar de não estar brilhante, o ator está bem. A direção de Sérgio Machado também é competente, pois além de desviar de alguns clichês, consegue ser mais "sóbrio" evitando o melodrama óbvio. 

O elenco de "não atores" e de atores iniciantes é bem coeso e interessante. O trabalho de preparação de Fátima Toledo - que durou um ano - mais uma vez obtém um bom resultado.

Se o roteiro de Tudo que Aprendemos Juntos possui alguns problemas, também possui o mérito de não demonizar a criminalidade nem colocar favelados como "coitadinhos" ou os mais abastados como vilões.

O diretor conta que optou por filmar em película (segundo o produtor Fabiano Gullane, o último filme da América Latina feito de maneira analógica) a pedido do diretor de fotografia Marcelo Durst. Dessa forma, o resultado foi uma fotografia mais "crua" e escura - da forma que havia pedido o diretor - pois ele explicou que na favela há pouca iluminação.

O filme ainda tem as participações dos cantores Criolo e Happin Hood, que não comprometem.

Em tempos onde todos estão acostumados à textura do digital, é interessante poder voltar a ver um filme em película.


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