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LOVE (idem)



por Beto Besant

Love, novo trabalho do cineasta argentino Gaspar Noe, causou espanto desde que foi anunciado como: o primeiro "filme de arte" com cenas de sexo explícito em 3D.

Na trama, o jovem cineasta Murphy (Karl Glusman) passa a se recordar do romance vivido com Electra (Aomi Muyok), agora desaparecida. Um romance à base de drogas e muito sexo - incluindo duas mulheres e travesti - que "desaba" por conta de uma traição com Omi (Klara Kristin), uma bela vizinha convidada para um sexo a  três.

Contado de trás pra frente - como em seu famoso Irreversível (2002) - a história é basicamente uma "DR" (discussão de relação) de mais de duas horas temperada com cenas de sexo.

Gaspar Noe, um argentino com formação acadêmica na França - é um dos poucos cineastas que conseguem manter sua assinatura mesmo com sua notoriedade e prestígio. É o tipo de cineasta que se posiciona. Em seus filmes sempre aborda o lado obscuro do ser humano e estes sempre causam uma impressão: seja boa ou má - dependendo do "gosto do freguês" - o diretor nunca passa despercebido. É o estilo de cinema "ame ou odeie".

O protagonista é uma espécie de alter-ego do diretor, e em certo momento do filme diz que quer fazer filmes "que tenham lágrima, sangue e esperma", justificando que essa é a essência da vida. Isso reflete a filmografia do diretor, que sempre caminhou "no fio da navalha". Seja em seus primeiros filmes - com uma alta carga de sexualidade explícita - seja em Irreversível, filme que projetou seu nome internacionalmente.

Love possui um ritmo lento mas envolvente, fora de ordem cronológica. Em cada corte - e muitas vezes sem mudar de plano (o enquadramento da cena) há um rápido escurecimento de tela (conhecido como "black") - que dá a sensação de ser a piscada do espectador. Como se estivesse durante todo o tempo junto dos atores.  
O filme tem pouquíssimos movimentos de câmera e sua trilha oscila entre temas de rock pesado a música erudita, com cordas e sopros. Há também a famosa "Jazzopédie" - do compositor francês Erik Satie.


Apesar da polêmica causada no Festival de Cannes - o filme foi sonoramente vaiado - o que se vê não é nada tão explícito como vemos em outros filmes. Talvez o que tenha causado maior espanto foi o fato das cenas serem acompanhadas de uma história envolvente, bem interpretada - apesar da inexperiência das atrizes e pouca experiência do ator - e muito bem dirigida.

Foi curioso de se ver a quantidade de jornalistas e críticos presentes na sessão. Isso mostra que o consistente trabalho cinematográfico de Noe ainda vem despertando a curiosidade dos especialistas no assunto.



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