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A PELE DE VÊNUS (Venus in Furs)


por Beto Besant

Uma das maiores dificuldades que um roteirista pode enfrentar é ter que escrever um filme que se passe apenas em uma locação. Normalmente, quando surge algum filme do tipo é adaptado de uma peça teatral, e mesmo assim quase sempre se procura inserir novas locações com o intuito de dar ritmo ao filme.
Aqui, o experiente Roman Polanski tenta novamente adaptar uma peça teatral - seu filme anterior Deus da Carnificina também foi uma adaptação - porém este novo trabalho atinge um resultado bem mais satisfatório, apenas com uma locação e dois atores.


Na trama, Thomas (Mathieu Amalric) é um diretor de teatro fazendo seleção para a atriz de sua nova peça. O surgimento de Vanda (Emmanuelle Seigner) e seu insistente pedido para que possa ser avaliada em princípio irrita o artista, que terminar por ceder. A mulher - que aparenta ser o oposto de quem procura - o surpreende, deixando-o cada vez mais fascinado por sua personalidade voluptuosa. Aos poucos, a realidade dos personagens e texto teatral que interpretam vão se misturando, proporcionando alternância de poder e até mesmo de gênero entre Vanda e Thomas.

Pele de Vênus é uma adaptação da peça A Vênus das Peles de David Ives - que também divide o roteiro com Polanski - e por sua vez é baseado no romance de Leopoldo von Sacher-Masoch, de onde surgiu a palavra masoquismo.

O diretor embarca numa história com fortes elementos autobiográficos, desde sua famosa acusação de abuso de menor até o fato de escalar sua mulher para o papel da atriz e Mathieu - que é idêntico a Polanski na juventude - para interpretar o diretor.
Ainda há a "brincadeira" de iniciar o filme com a câmera entrando no teatro e terminar com ela saindo, como se o próprio público entrasse e saísse da história.

Contrariando o cinema, é um filme extremamente verborrágico, porém tudo feito com muito cuidado e diálogos inteligentes e precisos. Como não poderia deixar de ser, um filme com uma locação e dois atores acaba por ter um ritmo mais lento para quem está habituado ao cinema comercial, porém a montagem de Hervé de Luze e Margot Meynier - somada às excelentes interpretações, direção e diálogos, fazem com que o filme flua com tranquilidade.


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