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OLHO NU


por Beto Besant

A música tem forte presença na memória emotiva de quase todos. Frequentemente somos pegos de surpresa por uma música que nos leva a um tempo que gostaríamos de congelar. Porém existem artistas que superam qualquer barreira, passando a fazer parte de nossas vidas como se tivessem laços sanguíneos conosco. E Ney de Souza Pereira, conhecido como Ney Matogrosso, surge na telona com uma força raramente vista.


Olho Nu, documentário de Joel Pizzini, trás raras imagens de arquivo do artista que somam cerca de 300 horas e foram cuidadosamente guardadas em quatro décadas de carreira. Ele conta que sempre que se apresentava na TV pedia uma cópia do material.

No ano passado, Ney doou todos os seus figurinos guardados para o Senac, pois sabia que assim teria mais condições de restauro e manutenção, e por acreditar que seu acervo estaria melhor se exposto para quem tivesse interesse. O mesmo fez com suas imagens, que colocou à disposição do diretor para a realização do filme, e comenta que gostaria que a vasta quantidade de imagens gerasse outros filmes.

Como já era de se esperar, o documentário tem muita música, além dos muitos depoimentos do artista - quase como num musical. O maior problema é que não segue uma narrativa tradicional, para que o público que não conhece sua história passe a conhecê-la, nem uma narrativa transgressora - maior característica do artista. A impressão que se tem em certos momentos é que a montagem foi aleatória.

Quem conhece a riquíssima história do biografado, sabe que o filme não apresenta 1% dela, que inclui ameaças da ditadura, o convite para formar uma banda internacional que transformou-se na Banda Kiss, a descoberta da bissexualidade, o contato direto com a AIDS, o rápido namoro com Cazuza, drogas, Santo Daime, etc. Foi premiado pelo Voto Popular no Festival In-Edit - São Paulo, provavelmente graças ao fato dele ser um dos únicos casos de unanimidade nacional.

Olho Nu é interessante pelo valor histórico de suas imagens e pela qualidade musical, mas não inova nem apresenta o artista.  Apesar disso, a força de sua música e a articulação de seus depoimentos tornam o filme importante de se conhecer.


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