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A CAÇA (Jagten)

 
por Beto Besant
Lucas (Mads Mikkelsen) é um professor de jardim da infância dedicado, querido pelos alunos e amigo da comunidade. Klara (Annika Wedderkopp) é a filha de um casal amigo em constantes turbulência. O professor lhe dá a atenção que os próprios pais não dão, o que desperta uma "paixão infantil" na garotinha de cerca de 5 anos.
Ao repreender a menina, desperta uma raiva cujas consequências ela não pode mensurar.
Klara acusa o professor de abuso, utilizando de referências de sua própria casa, causando um verdadeiro inferno na vida de Lucas.
 
Envolvidos pelo ar angelical da menina, professores, pais e vizinhos se revoltam e passam a agredi-lo de todas as formas, sem lhe darem a mínima chance de defesa. Apesar do professor ser amigo da comunidade há anos, repentinamente, todos se viram contra ele, baseados apenas nas palavras da garotinha.
Lucas decide enfrentar a sociedade e continuar morando no mesmo lugar, uma decisão arriscada. 
 
 
Dirigido por Thomas Vinterberg (do aclamado Festa de Família), A Caça mostra uma maturidade e sutileza que fazem do filme seu melhor trabalho até o momento.  Apoiado no excelente roteiro que assina junto com Tobias Lindholm, consegue apresentar a difícil e delicada história de forma equilibrada, ao ponto do público se questionar como agiria na mesma situação, por mais que as consequências sejam reprováveis e irracionais.
 
O carisma do protagonista e a passividade de sua interpretação arrebatam o público, não à toa foi premiado como melhor ator no Festival de Cannes 2012.
 
Outro grande trunfo do filme está na interpretação na medida certa de Annika, do alto de seus seis anos de idade. Além de ter o tipo físico que causa empatia no mais duro dos homens, e menina ainda tem uma interpretação envolvente e "certeira".
 
Depois de assistirmos o excepcional Amor (Michael Haneke) este é, sem dúvida alguma um dos melhores filmes feitos recentemente. Obrigatório assistir pra quem vai ao cinema buscando algo mais do que diversão. Algo que o faça pensar e se questionar sobre os próprios atos. Perturbador.
 
 

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A FUGA (Deadfall)

 
por Beto Besant
 

No interior do Canadá, o casal de irmãos Addison (Eric Bana) e Liza (Olivia Wilde) utiliza de sua esperteza e sedução para assaltarem um cassino. Liza está em seu primeiro delito, levada pelo irmão mais velho, com quem mantém uma relação de tensão sexual incestuosa mal resolvida. Após o roubo do cassino, sofrem um acidente em plena nevasca e são forçados a se separar. Jay (Charlie Hunnam) é um ex-boxeador que sai da prisão e acaba matando seu ex-patrão.
Obviamente, Jay conhecerá Liza por uma "incrível coincidência" e rapidamente os jovens de corpos sarados irão se apaixonar, causando sérios problemas quando seu irmão reencontrá-la, num almoço de Ação de Graças.
 
 
A direção do austríaco Stefan Ruzowitzky (Os Falsários) é satisfatória. Consegue alguns momentos interessantes e elenco coeso, tendo ainda Sissy Spacek, Kris Kristofferson, Kate Mara e Treat Williams, entre outros. O problema é que todo o filme é regular, não tem nenhum grande momento ou trunfo.
 
O mesmo ocorre com o roteiro do estreante Zack Dean, que possui algumas subtramas que poderiam ser melhor desenvolvidas mas acabam soando como muletas para que a história aconteça.
Por exemplo, Jay mata seu ex-patrão e sai pela porta da frente sem maiores consequências, um evento tão relevante se perde na história. Ou então, a policial que tem em seu pai um chefe que não quer vê-la na "linha de frente", deixando em duvida se é por zelo ou por duvidar da capacidade da filha.
 
A montagem é um bom trunfo do filme, que em seus 95 minutos, conseguem segurar o público. Destaque para os 15 minutos finais.
 
 
 
 

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ANNA KARENINA

 
por Rogério de Moraes
 
Calejado no difícil trabalho de verter obras literárias para o cinema, o diretor britânico Joe Wright inova-se ao adaptar para o cinema o clássico russo “Anna Karenina”, publicado por Leon Tolstoi entre 1873 e 1877.
Com este filme, Wright já soma quatro adaptações literárias em um currículo de cinco longas metragens, entre os quais se destacam Orgulho e Preconceito (2005) e Desejo e Reparação (2007).
A novidade nesta nova investida é a forma que o diretor opta para narrar os complicados dramas do amor e da felicidade presentes na obra original. Wright transforma a literariedade do romance em uma teatralidade cênica. Isso se dá através de um artificialismo calculado que faz do teatro, em sua totalidade física de palco, coxia e plateia o cenário que sustenta a narrativa.

Anna Karenina (Keira Knightley) é a esposa de um aristocrata da Rússia czarista. Eles vivem em São Petersburgo e têm um filho. Bonita e rica, Anna tem tudo para ser feliz. Mas numa viagem até Moscou para tentar reconciliar seu irmão com a esposa, conhece o conde Alexander Vronsky (Raphaël Personnaz), que pouco depois se torna seu amante.

Ao redor desse triângulo amoroso orbitam ainda outros personagens com seus dramas. São conflitos menores dentro da narrativa, mas significativos dentro do que a história concebida por Tolstoi propõe e que é sintetizada na famosa abertura da obra original: “Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma a sua maneira”.

Todo esse jogo dramático terá lugar nos espaços que fazem parte de um grande teatro, numa indistinção entre plateia, palco e coxia. Com exceção de poucas cenas em externas reais, quase tudo na ambientação do filme vem dessa artificialidade programada e teatral, mas que pela coordenação da mise-en-scène ganha vida própria, flertando com o operístico e com o musical, mas sem entrar em qualquer desses gêneros.

Ao menos na primeira metade do filme, o que não se pode dizer é que a câmera de Joe Wright é preguiçosa. Ela se move constantemente na construção de uma composição cênica cheia de dinamismo, na qual as ações dos personagens se aproximam do gênero musical em uma coreografia constante.
Esta artificialidade teatral pode até roubar parte do peso dramático e das emoções atribuladas que são a razão de ser do romance de Tolstoi. Mas neste caso o recurso funciona porque articula em imagens o que de outra forma poderia se tornar falatório literário, falha comum em adaptações literárias e que termina por tornar a narrativa arrastada.

Wright se arrisca ao escolher essa encenação inesperada, mesmo sob a pena de baixar em demasiado a voltagem do romance ao dar a ele traços farsescos. Na segunda metade do filme, nota-se uma redução dessa teatralidade, o que deixa crescer o melodrama natural da história, mas sem entregá-lo a um realismo que seria esteticamente contraditório.

Visualmente bem acabado, tanto na fotografia como no figurino (levou o Oscar nessa categoria), e em especial no sofisticado e dinâmico mise-en-scène, Anna Karenina escapa da mesmice e tem seguramente a coragem de mostrar respeito pela obra sem exaltar uma reverência subserviente. Especialmente porque se trata, como fica claro, de uma adaptação.
 
 

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LINHA DE AÇÃO (Broken City)

 
por Beto Besant 

Billy Taggart (Mark Wahlberg) é um policial que passa a trabalhar como detetive particular após se envolver numa suspeita de execução. Sete anos depois, passa por problemas financeiros quando é contratado pelo prefeito da cidade de Nova Iorque Nicholas Hostetler (Russel Crowe) para confirmar a suspeita de que sua mulher (Catherine Zeta-Jones) está tendo um caso extraconjugal.
 
Às vésperas das eleições municipais, tudo o que o candidato não quer é que surjam rumores do gênero.
 
 
Taggart inicia suas investigações e obviamente "o buraco é mais embaixo". Como poderíamos imaginar, o detetive vai descobrir que está envolvido num caso de corrupção em alto escalão.
 
Apesar de não ser um grande ator, Wahlberg sabe escolher os personagens que interpreta. Crowe é o estaque do filme, encarnando muito bem o político de maia idade que visa o lucro acima de qualquer relação pessoal. Zeta-Jones está mais fazendo "caras e bocas" do que interpretando, parecendo superestimar seu poder de sedução.
 
Até aí, tudo bem, mas o grande problema é que o roteiro do estreante Brian Tucker e a direção de Allen Hughes apenas apresentam "mais do mesmo". Tudo que acontece no filme é previsível, a direção é o que vemos em qualquer Sessão da Tarde e o desfecho beira o risível.

Talvez o único mérito do filme esteja na tentativa de ambos em fazer uma nova versão de Cinema Noir.
 
Resumo: só merece ser visto por quem é muito fã de algum dos atores ou para quem busca um passatempo sem ser excessivamente "pipoca".
 
 

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CÉSAR DEVE MORRER (Cesare Deve Morire)


por Beto Besant

Por meio de um projeto social, um diretor de teatro monta peças dentro de um presídio de segurança máxima italiano. Todos os atores são presidiários e os diálogos são livres, para que não atores tenham mais facilidade na interpretação.
A peça escolhida é Júlio César (e Shakespeare), e podemos acompanhar desde a proposta da montagem aos "atores", passando pela seleção de elenco, até a exibição final para seus familiares.
 
 
 
Este método se tornou conhecido no Brasil através da preparadora de atores Fátima Toledo, que também começou trabalhando com internos, só que da extinta FEBEM para a realização do filme Pixote (de Hector Babenco). Mas o mais interessante é o resultado impressionante obtido pelos diretores Paolo e Vittorio Taviani, que decidiram fazer o filme após assistirem a uma montagem de A Divina Comédia (de Dante Alighieri).
 
Dificilmente alguém poderia imaginar que detentos, presos pelos mais variados crimes e com as mais diversas periculosidades, pudessem atuar de forma tão convincente.
 
O filme não se furta em apresentar, ao final, quais os crimes de cada um e suas sentenças, nem tenta ser panfletário de que a arte pode transformar o ser humano. Os diretores optaram acertadamente por mostrar isso através dos desempenhos e comportamentos deles.
 
A excelente montagem de  Roberto Perpignani (O Carteiro e o Poeta e O Último Tango em Paris) coloca as imagens documentais dos ensaios, feitos dentro e fora das celas, alternados com imagens da apresentação final, de forma a parecer uma obra de ficção.
 
Confesso que, diante da atuação tão espetacular dos detentos, durante o filme pensei que havia entendido errado e assisti como uma obra de ficção baseada em fatos verídicos. Ao final, que constatei se tratar de uma atuação genuína de detentos, fiquei provocado a assistir outra vez, sob essa ótica.
 
Merecidamente, levou o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlin.
 
Para quem não está interessado em assistir somente "filme pipoca", tem obrigação de assistir a essa maravilha.
 
 

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OZ, MÁGICO E PODEROSO (Oz: The Great and Powerful)

 
por Beto Besant
 
O ilusionista galanteador Oscar Diggs (James Franco), mais conhecido como Oz trabalha num pequeno circo itinerante. Até o dia que se envolve com a mulher do homem mais forte do circo e precisa abandoná-lo às pressas. Na fuga sobe num balão e é sugado por um furacão.

Quando as coisas melhoram, o ilusionista se vê num lugar desconhecido e muito bonito. Logo conhece belas mulheres Theodora (Mila Kunis), sua irmã Evanora  (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams).

De início tudo parece perfeito, pois lhe oferecem riquezas infinitas e vive cercado de belas mulheres. Claro que não seria tão fácil, logo fica sabendo dos riscos que será obrigado a enfrentar naquela terra distante onde já era esperado como uma espécie de Messias.

Nesse trajeto faz amizade com uma boneca de porcelana (responsável pelas melhores cenas do filme) e Munchkins, um macaco voador.


 O diretor Sam Raimi (Homem-Aranha) seguiu a "moda" de alguns anos ao tentar contar o que teria acontecido antes do famoso filme O Mágico de Oz.
O filme começa em Preto e Branco e depois fica colorido, como na versão original. Porém, na primeira etapa o filme está na proporção 4x3 (aquela mais quadrada dos filmes antigos e TV's). Quando entram as cores, a proporção de tela muda para 16x9 (como dos filmes atuais).

A montagem trás um bom ritmo, principalmente na sequência final, com um roteiro repleto de surpresas e aventuras, apesar disso, não traz nenhuma novidade. Fica nítida a  intenção de tentar agradar ao maior número possível de pessoas para alcançar o máximo em bilheteria, o que certamente restringe a criatividade do roteirista e do diretor

O elenco está satisfatório, mas nada além disso. Apesar do personagem mais interessante ser a Boneca de Porcelana, Michelle Williams também está muito bem. De resto, o elenco parece ter sido escolhido mais pela beleza do que pelo talento.
 
O resultado, como seria de se esperar de um filme da Disney, é uma atração para toda a família. Com belíssimas imagens e efeitos visuais, conta uma aventura previsível com o apelo da memória emotiva dos adultos, que irão assistí-lo buscando reviver as emoções que tiveram ao assistir O Mágico de Oz. Claro que esta nova adaptação está muito longe de se tornar o clássico de 1939.
 
 

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AMIGOS INSEPARÁVEIS (Stand Up Guys)


por Rogério de Moraes
 
Amigos Inseparáveis– mais um exemplar de péssimo título em português – é um filme que alterna de lado o tempo todo. Ora vai para o lado de um filme que constrói com muita correção o peso de seus personagens, assentados na amizade de velhos tempos, na velhice e nas consequências de suas escolhas; ora cruza a fronteira para o lado do filme previsível, com piadas óbvias e desfecho condescendente.

Investidos do charme e da segurança que só o tempo proporciona, Christopher Walken e Al Pacino estão na pele de dois criminosos aposentados pela idade. Aposentadoria que se deu prematuramente, quando Val (Pacino) foi preso, há 28 anos, cumprindo sua pena sem nunca delatar os amigos. É Doc (Walken) quem vai buscá-lo no dia de sua liberdade.

Do reencontro amistoso, logo surgem as contas do passado que ainda não foram pagas. Uma questão de vingança e ameaça, que Doc se viu obrigado a carregar por 28 anos. Por ordem de um implacável e vingativo chefão do crime, ele deve matar Val até a manhã do dia seguinte. E Val não demora a perceber isso.


 

Com um saudosismo que vai do elegante para o superficial, ambos passarão as últimas horas que lhes restam juntos numa noite de roubo de carros, justiçamento de valentões, acertos familiares e despedida dos velhos tempos.

A direção de Fisher Stevens (ator de rosto conhecido em séries e filmes menores que vem se aventurando na direção) aproveita muito bem o charme e a experiência de seu elenco, que conta ainda com Alan Arkin no papel do antigo piloto de fuga. O filme mantém uma cadência sem pressa, boa parte dela ambientada como uma notívaga aventura irresponsável.


Sem abusar de maneirismos, Stevens salpica a narrativa com referências pontuais. A mais clara é a Quentin Tarantino, presente na participação de Vanessa Ferlito. Ela, que protagonizou em A Prova de Morte (2007) a ótima cena da lap dance, faz uma moça violentada por uma gangue local que terá sua “justiça” com a ajuda dos velhinhos nem tão aposentados assim.

Por outro lado, o filme não deixa de caminhar com frequência para um tipo de registro que passa pela obviedade de situações e pelo subaproveitamento do drama dos personagens. Parece sempre hesitar entre ser uma aventura de “velhinhos batutas” e uma história de redenção com peso e responsabilidade. Não cabe aqui apontar o caminho certo, ainda que o segundo seria mais proveitoso dramaticamente. O problema é a indefinição, que prejudica a boa atmosfera que se cria em alguns momentos.

Pacino está bem em seu papel, mas repete performance, como em alguns momentos que parece estar de volta ao papel do sujeito cego que lhe rendeu o Oscar em Perfume de Mulher (1992). Mas quem carrega de verdade o filme é Christopher Walken. Em seu gestual e expressões, transmite com grande autenticidade não apenas o peso do tempo – com aquele verniz de que algo se perdeu definitivamente –, como também pelo peso da tarefa de que está incumbido. Toda densidade ensaiada pelo filme passa pela atuação de Walken.

Na onda de produções sobre aposentadoria (ou o adiamento dela) de velhos durões, Amigos Inseparáveis é mais um a rondar o tema do peso do tempo. Com esperado saudosismo melancólico, coloca seus personagens com as rugas claras e os vincos dos rostos expostos. Tem momentos autênticos muito bons, mas perde-se na falta de equilíbrio entre ser legal e divertido ou apresentar uma esfera dramática com peso mais sólido. Paira então no superficial, com momentos de brilho espontâneo e outros de total desperdício.



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COLEGAS

  
por Beto Besant
 
Três jovens com Síndrome de Down: Stallone (Ariel Goldenberg), Aninha (Rita Pook) e Márcio (Breno Viola), decidem fugir da instituição onde moram para realizarem seus sonhos.
Stallone quer ver o mar, Aninha quer casar e Márcio quer voar. Paratanto, roubam o carro do jardineiro (Lima Duarte) e partem numa longa viagem inspiradas no filme Thelma e Louise, pois eles são fanáticos pelos filmes que assistem na locadora da instituição.
A polícia é avisada e escala dois policiais atrapalhados para prenderem o trio.
 
O filme dirigido por Marcelo Galvão (de Bellini e o Demônio), que assina roteiro, direção e montagem, tem altos e baixos.
O roteiro é divertido, seguindo o tradicional estilo road movie (filmes de estrada), porém peca ao tentar explicar tudo para que não fique nenhuma dúvida. Em certo momento o personagem olha para uma cortina de banheriro e diz: "Tive uma ideia..."
Em seguida, a personagem Aninha recebe um véu feito com a cortina e diz: "Um véu de cortina de chuveiro..."
Além disso, o filme todo tem a voz off (usada em nove de cada dez filmes nacionais da atualidade) de Lima Duarte, que explica tudo de forma didática e infantilizada.
 
Talvez tanto didatismo seja proposital para atingir possivelmente o público infantil e o público médio, mais acostumado à linguagem "mastigada" das telenovelas.


 
A direção mantém seus altos e baixos, com erros de continuidade, falhas na reconstituição de época (pois alterna objetos da década de oitenta com objetos mais recentes, assim como o carro que possui um adesivo do ano de 1997) e uma atuação "afetada" de Nil Marcondes, que interpreta um homossexual ao estilo "Zorra Total". Além disso, há uma sequência onde os personagens saem do Sul do país num caminhão e ao chegarem na Argentina, o motorista é do país estrangeiro, algo totalmente sem nexo. O caminhão mostra ostensivamente uma propaganda com site e telefone de um buffet de Campinas.
 
Em certo momento, o filme tenta não se prender ao politicamente correto (que normalmente limita a arte) e mostra uma sequência de depoimentos dos internos com Síndrome de Down. Um momento que leva o público às gargalhadas, o grande problema está no fato dos "atores" não estarem tentando ser engraçados, mas sim mostrando sua natureza. O que fica no limite do jocoso.
 
Por outro lado, o diretor extrai bons momentos do elenco principal e consegue um estilo comercial, o que não é muito fácil de se fazer. Com seus prós e contras, merece ser visto.
 
   

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HITCHCOCK

 
por Beto Besant

O filme conta as dificuldades que o cultuadíssimo diretor teve de enfrentar para realizar sua obra-prima Psicose. Mesmo com todo o reconhecimento, não conseguiu quem financiasse sua produção, tendo que custeá-lo pessoalmente.
A importância de sua mulher Alma Reville (Helen Mirren), roteirista, assistente de direção e montadora na carreira do cineasta é citada.
 
O diretor Sacha Gervasi optou por utilizar de elementos biográficos mesclados com com uma forte dose de comédia, como fazia o "mestre do suspense" para promover seus filmes.
 
O elenco primoroso, parte da interpretação magistral de Anthony Hopkins no papel título. Sua maquiagem somada à sua interpretação fazem com que esqueçamos que não estamos vendo o verdadeiro Hitchcock.
 
Helen Mirren, cumpre seu papel com maestria, encontrando o tom exato para interpretar uma grande artista que aceitou ter seu brilho ofuscado para que seu marido estivesse sempre no centro das atenções.
James D'Arcy está sensacional no papel de Anthony Perkins, que, devido à sua performance e ao fato de interpretar o protagonista de Psicose, merecia mais espaço na trama.
 
Scarlett Johansson interpreta a mítica Janet Leigh, porém sem a mesma sensualidade e carisma, talvez o único erro de escalação.
 
 
 
O roteiro de John McLaughlin (Cisne Negro) foi baseado no livro de Stephen Rebello, Alfred Hitchcock and the Making of Psycho,  e se arrisca ao escolher ficar no limite entre a ficção e a biografia, ao colocar elementos verídicos com elementos possivelmente ficcionais, como as alucinações do diretor com um famoso assassino da época (que gerou a história de Psicose), seu ciúme doentio por sua mulher ou peculiaridades, como apavorar suas atrizes e espioná-las por buracos nas paredes.
 
Com todos os prós e contras, é um filme necessário de ser visto.
 
 
 

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